Ela entao fixou o olhar na criada .
Havia visto a moça loira todos os dias nos ultimos meses e o rosto dela lhe era familiar mas agora podia enxergar melhor os detalhes, Joan era uma jovem adoravel , mas quem disse que as criadas tinham de ser feias? So que jovens bonitas pareciam ter melhores empregos ,como vendedoras de loja.
Deixando as divagaçoes de lado , Clarissa voltou sua atençao para o livro , mas estava se sentindo inquieta demais para usufruir da leitura.
Com os óculos , estava mais consiente da propia nudez na frente da criada.
Colocando o livro de lado com um suspiro , Clarissa procurou concentrar a atençao no banho, mas a cabeça so pensava no que iria fazer.
Seu plano era usar os óculos na frente de Joan e, se desse certo, usaria na frente de outras pessoas até chegar a vez da familia e do marido.
Infelizmente , parecia que não havia se saído nada bem com Joan.
Ainda assim , chegaria a hora de ter de usa -los na frente de Julian , ou passaria o resto da vida praticamente cega, com uns poucos momentos roubados em que se enfiaria no quarto para poder usa-los.
Clarissa refudou essa ideia .
Seria quase uma deslealdade.
Alem disso , se era verdade o que a sogra e Kibbler alegavam de que Julian temia que ela o achasse pouco atraente, era mesquinho deixa -lo sofrer por isso.
Dia mais , dia memos teria de colocar os oculos na frente dele, sabia disso , mas preferia realmente adiar um pouco mais esse momento.
Nao muito mais, Clarissa ponderou consigo mesma.
Aparentemente, Julian estava de fato se afeiçoando a ela.
Ele demonstrara uma real preocupaçao com seu estado no dia anterior e ficara aliviado ao ver que ela estava se recuperando.
__ Covarde.
Ela balbuciou por entre os dentes e levantou -se da tina.
Meia hora depois , ja estava pronta para descer.
Seu cabelo ainda estava umido e os oculos ainda estavam em seu nariz.
Ela estava tentando ser corajosa, mas não tinha certeza se não os esconderia se topasse com o Julian.
Lydia estava sozinha na sala de refeiçoes quando ela entrou, mas havia pratos vazios sobre a mesa, o que sugeria que seu pai , Julian ec possivelmente lady Mowbray ja tivessem estado ali e saido.
Bastou um olhar para o rosto da madrasta para entender o porque.
Lydia estava de cara muito amarrada.
Clarissa suspirou, sabendo que ela estaria em um de seus dias dificeis.
Sentiu impetos de dar meia -volta e sair de la so complicaria tudo.
__ Ora, vejo que voce esta de oculos.
Lydia dirigiu um sorriso forçado , e Clarissa manteve -se calada, dirigindo -se ao aparador , onde estava disposto o serviço de café da manha, para fazer seu prato.
__ Quando chegaram os óculos?
A madrasta quiz saber.
__ Seu marido ja viu com ele?
Agora você entende o castigo que arrumou para si mesma com seu comportamento esquisito?
Esta infeliz , não e ?
Clarissa deixou que a madrasta disparasse todas as perguntas enquanto se servia.
So depois de dirigir - se a mesa sentar-se , colocar o guardanapo no colo e pegar o garfo finalmente disse em tom calmo:
__ Tenho os óculos desde a vespera de meu casamento, Lydia.
Um silêncio pesado tomou conta da sala diante da notícia.
Clarissa começou a comer e levava o garfo para leva -lo a boca, quando Lydia quebrou o silencio externando toda a sua surpresa:
__ Você se casou com ele mesmo tendo visto a aparencia repussiva dele?Meu Deus você e louca? Como aguenta que ele a toque?
Suspirando , Clarissa abaixou o garfo e disse:
__ Na realidade, Lydia, eu não apenas me casei com Julian sabendo qual era a sua aparencia , como soube muito antes que ele me beijasse ou fizesse amor comigo.
Eu pude ve -lo razoavelmente bem no baile em que o conheci e dancei com ele.
Clarissa a encarou de frente.
__ Eu o achei muito atraente naquela
noite e continuo achando.
Sinto muito que você não o ache.
Mas também não foi você que se casou com ele.
Ela começou a comer novamente, consciente do olhar de Lydia.
A madrasta a observava como se ela fosse um quebra -cabeça que nao conseguia resolver.
__ Parece que você esta mesmo feliz.
Lydia finalmente disse , intrigada, e não se contentou, perguntou então:
__ Como você pode ser feliz com ele.
Clarissa levantou a cabeça .
Com os olhos tristes contemplou a mulher do outro lado da mesa.
Lydia nao conseguia mesmo entender.
__ Por que Julian é bom e generoso, por que ele me trata como uma princesa.
Por que ele me faz rir .
Por que me faz feliz.
Por que quando ele me beija eu vou ao paraiso quando faz amor comigo, não consigo conter minha paixao por ele.
A reaçao de Lydia nao poderia ter sido mais estranha , como se Clarissa a tivesse agredido.
Clarissa, por sua vez , ficou refletindo sobre a reaçao da madrasta ao pegar o garfo novamente e voltar sua atenção para a comida.
Decorreram varios minutos ate que Lydia se recuperasse o suficiente para ataca -la novamente.
__ Ele ja viu de oculos?
Ela perguntou de subido.
Aposto que não.
Eu não a vi usando eles antes.
E por que ele não gosta de óculos não e?Engolindo o alimento que mastigava, Clarissa pousou o garfo e a faca ao lado do prato.
Depois limpou os labios com o guardanapo, recolocando-o no colo, descansou as mãos no colo, levantando os olhos para Lydia e fez o que deveria ter feito muitos anos antes.
__ Por que você quer tanto me ver infeliz?
O que faz me odiar assim?
Sobressaltando -se na cadeira , como se tivesse levado um tapa nos rosto , Lydia retorquiu:
__ Não seja ridícula.
Você é minha enteada.
Eu não a odeio.
__ Mas quer me ver infeliz?
__ Essa é a vida, Clarissa.
Disse ela, rapida.
Todos aqueles sonhos que se tem de filhos e felicidade?
Um lar marido amoroso?
Esqueça -os .
O destino e voluvel.
Mesmo quando parece ter dado tudo o que queria, logo você aprende que não tem nada.
E melhor aprender como a vida e dura enquanto se e jovem do que crescer mimada e protegida e então descobrir isso de coração partido.
Clarissa fitou a madrasta em silencio, sentindo que estava perto de entende-la .
Depois de um momento , perguntou:
__ Você foi mimada e protegida Lydia?
__ E como fui.
Ela esboçou uma risada.
__ Fui mimada mais do que se possa imaginar.Qualquer coisa que quisesse, eu podia ter .Qualquer coisa de que precisasse logo estava ali.

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Duque Sombrio
Ficción históricaInglaterra 1720 Amor Perigoso Julian Montefort, o duque de Mowbray , sabia que a bela e estabanada lady Clarissa Grambray poderia ser perigosa . Ela era na verdade , um desafio . Mas era exatamente o desafio que ele precisava... Clarissa sempre dese...