Luísa Clark nunca pensou que uma troca de olhares com um anônimo poderia mudar tanto sua vida, mesmo que o chão tenha tremido sob seus pés naqueles poucos instantes, os quais foram o bastante para Justin Bieber decidir que ela seria dele.
No instan...
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Posso sentir o olhar de Luísa sobre mim algumas vezes em um pequeno espaço de tempo, mas quando retribuo seu olhar ela desvia. Não digo absolutamente nada, sei que apesar de não ter terminado comigo ela está chateada e precisa de um tempo para pensar.
Noite passada Luísa me surpreendeu, devo dizer. Pensei que ela iria terminar comigo assim que soubesse de tudo, mas ela não o fez; ao contrário, ela foi extremamente racional e madura. Minha garota até dissera que me ama. Depois que voltei para o quarto não a vi chorar uma só vez, nem ao menos ouvi qualquer barulho durante seu banho.
Ela definitivamente sabe como camuflar seus sentimentos. Nesta situação, é um péssimo sinal. Mas me sinto um pouco mais aliviado por saber que ela tem um horário esta semana com Eva e com certeza falará sobre tudo que aconteceu. Eva sempre consegue tudo o que quer saber.
– Você quer conversar, babe? – ela arregala seus olhos. Acho que por eu estar mexendo no notebook ela pensa que não estou reparando em seus olhares para mim.
Luísa solta um suspiro e abraça suas pernas antes de apoiar seu queixo nos joelhos, seus olhos pouco puxados, de órbitas negras, estão concentrados em mim.
– Como foi quando você conheceu seu pai?
Passo a língua por meus lábios e fecho a tela do aparelho antes de relaxar na poltrona. Passaram-se várias questões que poderiam ser feitas por ela, especialmente sobre a última noite, só que entendo seu ponto. Depois de tudo o que soube, está com medo de criar expectativas sobre seu pai e tê-las destruídas quando se encontrarem pessoalmente.
– Eu tinha uns vinte e quatro. Stephen descobriu tudo sobre meu pai. Para dizer a verdade, eu não esperava ter uma relação com ele, tudo que eu queria entender era o motivo dele nunca querer me conhecer. – dou de ombros. – Fiquei enrolando alguns dias para tomar coragem e encontrá-lo, tenho que dizer que quase não bato em sua porta quando cheguei até lá. – solto uma risadinha e ela sorri fechado.
Mesmo que não seja meu assunto preferido, é bom falar sobre isso com alguém. Parece que a tensão que há sobre nós, aos poucos, está se dissipando, por mais contraditório que seja.
– Ellie, sua esposa, quem me recebeu. Minutos depois ele apareceu e me levou até seu escritório, acho que no fundo ele sabia que eu era seu filho. Brody me tratou tão bem que não entendia porquê minha família ser tão contra nossa relação, eu cheguei até brigar com minha mãe e avô por sua causa. – nego com a cabeça. – Até que há alguns anos eu descobri que ele estava tentando me roubar. A porra do meu pai tentando me roubar.
Não faz mais diferença para mim o que aconteceu, só me arrependo de ter brigado com pessoas que me amam de verdade por causa de um aproveitador de merda.
– Um dia, quando eu o confrontei sobre tudo, ele assumiu que era verdade: que sempre me viu como sua galinha de ovos de ouro. Foi ali que entendi toda minha família, ele fizera o mesmo com minha mãe quando mais jovem. – passo a língua por meus lábios novamente. – Ele acabou morrendo num acidente de trânsito no mesmo dia, depois que saiu de minha empresa. Por muito tempo eu me culpei por sua morte, por tudo que havia cuspido em sua cara, sentia que eu era egoísta porque tinha muito e não me custava dar-lhe um pouco, até conhecer Eva e entender que ele era um filho da puta.
