Vinte e sete

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Engulo o bolo que está em minha garganta e adentro a cozinha, os dois homens encerram a conversa e dirigem seus olhares a mim

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Engulo o bolo que está em minha garganta e adentro a cozinha, os dois homens encerram a conversa e dirigem seus olhares a mim. Um sorriso esgueira-se por meus lábios, apesar das batidas aceleradas de meu coração.

– E a vadia aqui quer saber essa história direitinho. – cruzo meus braços.

Um deles arqueia uma de suas sobrancelhas e dá um passo para se aproximar e intimidar-me, contudo, permaneço no mesmo lugar.

– Por que eu contaria a você, gracinha? – segura meu queixo.

Minhas unhas perfuram sua pele ao mesmo tempo que meus olhos expressam um falso tédio. Ouço um xingamento quando ele percebe que haviam feridas, mesmo que pequenas, em seu braço.

– Porque o patrão não vai gostar nem um pouco de saber que vocês chamaram a garota por quem ele é doido, de acordo com a conversa, de vadia. Advinha o que vai acontecer com vocês? – faço um biquinho e muito uma arma contra minha cabeça com os meus dedos.

Quero rir quando eles se entreolham e posso ver o medo explícito em seus olhos, mas apenas jogo meu cabelo de lado e mudo o peso de minha perna, esperando que eles resolvam falar de uma vez. O homem de barba escura, calado até o momento, suspira e a coça olhando mais uma vez para mim. Encosto meu quadril no balcão; solto um suspiro irritado pelo silêncio que se instala.

– Certo. Tudo bem então, rapazes. Sinto muito, vocês fizeram a escolha de vocês. – dou ombros e faço menção de sair do cômodo.

- Merda. ', a gente conta, mas você tem que prometer não dizer que fomos nós. – o segundo, de barba diz.

Dou de ombros acenando.

– Olha, eu sei que estávamos no galpão e sem querer acabei ouvindo uma conversa dele no celular. O patrão estava puto porque uma tal Ali tinha viajado com um cara, ele estava dizendo que algo tinha dado errado ou qualquer porra, não sei exatamente. Só sei que ouvimos muitos barulhos no seu escritório. – coça seu cabelo.

O outro começa a dizer:

– Então, depois de um tempo,  Sli saiu da sala com sua arma e pediu para que eu e Marco – apontou para o cara ao seu lado – acompanharmos ele até a área externa de onde a gente estava. Ele ligou para alguém e logo depois de desligar nos entregou a arma dizendo para que atirássemos nele. Mas eu não tive coragem e Marco atirou. – dá de ombros.

Parece que todas as dores que estava sentindo – a de cabeça, o estômago e principalmente em minha alma – intensificaram-se milhares de vezes mais. Parece que fui atirada de uma colina de muitos metros de altura a um solo forrado de espinhos.

É neste momento que entendo que eu não conheço Tierre como pensei. Na verdade, eu não conheço nenhuma parte dele.

– Foi ótimo fazer negócio com vocês, rapazes. Mas aprendam a tratar corretamente uma dama; a próxima vez que ouvir vocês me chamarem de vadia irei cortar a porra do pau de vocês e os obrigarei a comê-lo. – pisco. – E se eu fosse vocês, aprenderia a lidar com ameaças. Vocês abrem a boca por quase nada. – faço um barulho de negação e saio da cozinha.

HER | FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora