Trinta e quatro

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Sou acordada pela língua áspera e molhada de Bolt contra a ponta de meus dedos

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Sou acordada pela língua áspera e molhada de Bolt contra a ponta de meus dedos. Ele se tornou meu despertador natural.

– Oi, bebê. Bom dia. – alcanço seu pequeno corpo e o envolvo com meus braços. Bolt lambe meu rosto e depois começa a abanar seu toco de rabo quando o deixo no chão mais uma vez.

Meu benzinho cresceu um pouco nas últimas semanas, e agora ele vive correndo pelo apartamento. Bolt é muito esperto e atento, percebe qualquer barulho ao seu redor e na maior parte do tempo está correndo ou brincando. Ao amanhecer ele sempre lambe meus dedos e então me espera acordar e abrir a porta de meu quarto para que possa fazer xixi no lugar que eu havia ensinado a ele.

Nos primeiros dias dele aqui seu xixi e cocô estavam espalhados por todo canto, acredito que por falta de costume. Então, procurei algumas técnicas para ensiná-lo alguns modos e ele aprendeu com o passar do tempo.

Eu estive tão ocupada nos últimos tempos que nem ao menos o vi passar. Estive resolvendo os últimos detalhes sobre minha formatura que acontecerá em pouquíssimos dias; recebi todas as minhas notas no fim da semana passada: aprovada; minha certeira da Ordem chegou ontem e estou quase explodindo de alegria.

Porra. Eu esperei tanto por esse momento!

Mas essa não é a maior novidade: por influência de conselhos de Laura, a avó de Justin, decidi receber uma certa porcentagem de meu salário e honorários em ações de alguns escritórios e empresas, depois de alguns investimentos, passei a ser sócia delas.

Foram passos enormes e importantíssimos para mim, só que uma longa caminhada ainda precisa ser percorrida para alcançar tudo o que quero. Tenho plena ciência de que os obstáculos são ainda maiores por eu ser uma mulher negra e suburbana.

Visto um blusão e prendo meus cabelos num rabo de cavalo baixo depois de lavar meu rosto e escovar meus dentes e pego Bolt para que ele coma e eu prepare o café da manhã. Era muito cedo para Lizzie já estar acordada.

Enganei-me.

Ela está sim acordada. Muito bem acordada.

Elizabeth está sobre o balcão, com alguém entre suas pernas, alguém tatuado, de cabelo preto. Seus dedos estão entre eles, e os seus lábios juntos, Lizzie passa suas unhas pelas costas largas dele.

Não é Matt. É Carter.

Puta que pariu. Puta que pariu. Que merda é essa?

O latido que meu filhote dá desperta-lhes para a realidade. Eles se separam e os olhos claros de Lizzie, assustados, voam até mim. Carter também se vira em minha direção e passa os dedos por seu cabelo preto, desviando seu olhar e abre um sorriso envergonhado – acredito eu.

A loira rapidamente pula do balcão e tenta arrumar seus fios bagunçados, e suas bochechas estão vermelhas como nunca vi antes. Em seguida tampa seu rosto e deixa um barulho de frustação escapar.

HER | FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora