Vinte e seis

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Meu coração pode sair pela boca a qualquer momento

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Meu coração pode sair pela boca a qualquer momento. A frase ainda está sendo processada por meu cérebro quando Tierre desliga dizendo que está mandando alguém me buscar para vê-lo.

Justin está atento aos meus movimentos; pisco respirando fundo, tentando não deixar que todos os pensamentos ruins que se passam em minha mente tomem conta de meu sistema e meu nervosismo atinja seu ápice. Infelizmente, as memórias de onze anos atrás, quando meu avô foi baleado por um policial em minha frente, aparecem como flashes e o medo de perder alguém em uma situação semelhante me traz um sentimento de impotência.

O loiro segura minha mão e orienta-me a sentar-me em um banco disposto no corredor enquanto o observo se afastar e entrar em uma pequena lanchonete. Posso sentir minhas mãos tremerem em meu colo antes de usá-las para fazer um coque em meu cabelo. É então que meu namorado aproxima-se e me entrega uma pequena garrafa d'água pedindo para que eu beba e respire fundo passando suas mãos por meus ombros.

Depois de alguns minutos sinto-me mais calma e explico a Justin o que havia acontecido e o que faria a partir disso. Ele me abraça apertado, diz que irá comigo e permanecerá comigo o tempo que for preciso antes de segurar minha mão e caminhar em direção à entrada do shopping.

Passo meus dedos por seu rosto, olhando dentro de seus olhos castanhos. Não é como se não estivesse ainda chateada com todas as informações que ele despejou sobre mim noite passada; só escolhi agir racionalmente diante delas. Toda essa situação é grave, todas àquelas palavras tiveram um enorme impacto sobre mim e eu ainda preciso pensar sobre minhas atitudes seguintes, mas não quero estar longe do homem que amo. Já enfrentei várias merdas em minha vida, posso enfrentar mais uma.

– Você tem certeza que irá comigo? – respiro fundo.

Justin junta suas sobrancelhas.

– Claro, Luísa.

Passo a língua por meus lábios e sinto seus dedos enrolarem-se aos meus, firme e calmamente.

– Não é adequado que você seja visto com Tierre, Justin. Imagine se alguém tira uma foto? Não é favorável à sua empresa. – digo séria.

– Não me importa, Luísa. Caso isso aconteça eu posso consertar num instante. Não irei deixar você sozinha, ainda mais nessa situação. – segurou seu rosto, com seus olhos nos meus. – Você é mais importante que qualquer outra coisa.

Como poderia deixar este homem sair de minha vida?

Eu seguro seu rosto sentindo seus dedos no final de minha mandíbula e nuca enquanto eu acaricio seu rosto e sinto o gosto do chicletes de menta misturado ao meu de morango que havíamos mascado há pouco.

Finalmente o carro chega. Reconheço porque Tierre já havia me buscado em casa com este carro para que passássemos algum tempo juntos. O caminho é feito em silêncio, comigo agarrada a Justin, sentindo seu nariz contra meu cabelo. A tensão sobre nós aumenta gradativamente ao passo que avançamos até o local onde meu amigo está; eu me sinto inquieta por não saber sua situação real, já que ele apenas disse que havia levado um tiro e mandara alguém ir me buscar, já Justin provavelmente está tenso por causa de tudo que sabe sobre ele e por minha causa.

HER | FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora