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— Cadê sua irmã? — ouvi quando ele perguntou de mim pra Marcella.

Levantei, fiz um coque e saí do quarto.

— Oi pai. — a cara dele não tava muito boa.

— Quero conversar com você. Sério! — concordei e fomos pra pequena área de serviço.

Fiquei apreensiva, meu pai não tava bom, e eu tenho mais medo dele do que da minha mãe.

— Uma senhora foi lá na loja hoje... — gelei. — Pediu pra me chamar e tava com um olho roxo.

— Ahn... Lucrécia? — ele fez que sim com a cabeça.

Eu não ia contar nada ao meu pai, mas se ele perguntasse, também não iria mentir.

— Ela mesma. Então você conhece? — concordei. — E foi você que fez aquilo no rosto dela? — fiz que sim, outra vez. — Ela foi sua patroa, naquele negócio de fotos?

— Foi.

— Ela disse que você tinha a agredido, porque ela não aceitou suas reivindicações de um contrato novo. Por que isso?

— Não acredita nela, pai. Eu saí da agência, pra focar na faculdade e trabalhar só como digital influencer, fazendo um job aqui, ali e ela quem não aceitou. Ontem, tive a infelicidade de encontrar com ela e deu nisso.

— Luana, não quero você envolvida com essa mulher, nem em brigas assim. Uma das meninas lá, falou que ela também é cafetina... Você recebeu alguma proposta dessa? — fiz que sim com a cabeça. — E aceitou?

Não conseguia respondê-lo, passei a olhar pro chão. A vergonha me consumia...

— Aceitei. — sussurrei.

— POR QUÊ? — ele segurou em meu braços e começou a me sacudir. — Você sempre teve tudo. Vocês sempre tiveram do bom e do melhor. Eu dou de tudo pra vocês, qual era a necessidade?

— Foi a minha ambição, pai. Eu me iludi, eu queria mais, eu queria parar de depender de vocês, eu queria facilidade. Mas...

— Você já saiu disso, filha? Você não precisa disso. Nem que eu tenha que trabalhar até o último dia de vida, você não precisa. — me abraçou. — Você é o amor da minha vida, filha. Vocês são! Eu nunca vou abandonar vocês.

Naquele momento, eu era a pessoa mais feliz do mundo, por saber que o meu pai não ia me apontar o dedo, né bater ou largar a gente. Eu não sei se mereço isso, não sei.

Conversamos mais um pouco, até ele se acalmar. Toquei no assunto de comprar aquele apartamento pra gente, com um dinheiro que eu tinha guardado e ele topou.

Depois que foi embora, comi a janta que a Marcella fez, não estava deliciosa, mas ela estava de esforçando e isso era bom.

— Lua? — veio na minha direção.

— Fala, Marcella.

— Eu nunca pensei que fôssemos ser assim. Obrigada por não me abandonar!

LUA 🌙 - Uma nova chance Onde histórias criam vida. Descubra agora