Capítulo Dois - A cor traçará seu destino

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Ao fim do baile o casal de duques entraram na carruagem partindo em direção a Herveston Hill (uma das residências, ao qual usavam nas temporadas em Londres). Possuindo milhões de hectares a mansão recém decorada dos Herveston com mais de vinte cômodos e um jardim tão grande que rivalizava ao da própria rainha, gritava sua imponência a toda sociedade. 

Com o auxílio de um criado Cibelle desce de sua carruagem e inspira fundo admirando a mansão de cores claras que nas noites de luar adquiria um aspecto singular. Subindo as escadas ela é logo recebida pelo senhor Hilbert, um homem com seus quase 60 anos e o mordomo da família.

- Meu senhor, minha senhora. - Saúda em sua voz calma fazendo uma típica reverência. - Tiveram uma boa noite?  

Como se não tivesse escutado, assim que se livra da cartola e do fraque Joseph se enclausura no escritório, anunciando sem precisar de palavras que desejava não ser interrompido.

- Ele está cansado, Frederic. - O homem baixo, de cabelos grisalhos e olhar sério assente despreocupadamente. Todos os empregados já estavam acostumados com os modos do patrão. - E a senhora Haden onde está?

- Estou aqui, minha senhora. - Diz Ilda Haden, sorrindo amavelmente. A pequena e rechonchuda mulher cuja os cabelos castanhos estavam se tornando grisalhos era a governanta da família e administrava as residências antes de Cibelle sequer aprender a seu lugar. 

- Peça para me prepararem um banho Ilda. Estou precisando relaxar.

- A essa hora duquesa? Não vai comer?- Irritava-a profundamente ainda ser tratada daquele modo tão formal. 

 Embora tivesse dispensado a formalidade os empregados ainda insistiam em manter o título, alegando ser desrespeitoso demais tratar sua senhora como nada menos do que ela era. Uma mulher de inúmeros títulos e sua patroa.

Assim que se converteu na esposa do duque, Cibelle adquiriu não só o título de duquesa, mas ela também era condessa de Cambridge, baronesa de Orxônia, sétima viscondessa de Bristol e viscondessa de Ellingwood.

- Não. Estou sem fome. - Respondeu Cibelle, lembrando com pesar os acontecimentos da noite. 

Depois daquela série de humilhações a única coisa que a duquesa conseguia pensar era em encontrar sua cama. Captando o cansaço dela prontamente Ilda parte para atender as ordens da patroa.

- Achei que a encontraria mais animada senhora. O baile não a agradou?

- Apenas estou cansada. - Em resposta a velha mulher da um meio sorriso apaziguador, enquanto voltava a desatar os cordões de seu vestido.

Ajudar sua senhora a se despir com certeza, não era a tarefa de uma governanta, mas desde que sua última criada pessoal foi pega roubando pela segunda vez Cibelle se viu sem alternativas além de despedir a mulher com algumas referências.

Ilda não aprovara as referências, mas, todos os seus empregados sabiam que a duquesa era benevolente demais para deixar alguém - mesmo uma ladra - ao relento. Desde então, estava sem uma há praticamente um ano. Facilmente poderia arranjar outra - com as melhores credenciais - mas esse posto já estava ocupado por uma pessoa. 

Ao se lembrar da pobre mulher que em breve seria sua criada, Cibelle sente seu coração apertar e recordando-se das terríveis condições que a trouxeram até sua vida, ela se deixa levar pelas desagradáveis lembranças.

Leilão de escravos, Manchester (1859)

- E aqui sua graça está a melhor criada para sua casa de campo. Veja só a cor dessa negrinha. – Continua o leiloeiro pegando brutalmente o braço da jovem mulher que estremece de medo. - E veja só os dentes... - A mão segue para a boca forçando-a a abri-la. - Saudável e bem clarinha! Garanto que a servirá por muitos anos.

A outra [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora