Fome. Posse. Desespero. Desejo.
Eram essas as palavras que seus lábios tentavam transmitir ao encontrar a boca da mulher que sem piedade revirava seu mundo e a fazia questionar cada aspecto do seu ser. Ao fim do beijo, mesmo, após ter achado uma certa indicação de que fora compreendida, Cibelle não sabia se ela tinha realmente entendido tudo, então reuniu a coragem que necessitava para fazê-la compreender por sua voz.
- Pare de achar que me conhece, pois eu só estou começando a descobrir do que sou capaz. - Sussurrou sentindo o ar insuficiente pelo beijo que lhe roubou. - Você faz todas essas coisas sozinhas, porque pensa que sou fraca demais para faze-las, mas eu não sou.
Embora, não conseguisse reconhecer a Cibelle de antigamente em seus atos, ela continuava a colocar toda sua força no coração que a guiava, dizendo-lhe para não deixar aquela oportunidade passar. Poderia não encontrar outra como essa em toda sua vida.
- Quando me beijou na sala de música fiquei surpresa, tive medo e disse coisas horríveis, sim... Porém, não diga que tive nojo, isso está longe de descrever o que senti. - Afirmou tentando não se intimidar com a intensidade que aquela mulher emanava até quando parecia vulnerável daquela forma. - Celine, eu nunca, nem mesmo por um minuto ou um milésimo de segundo senti nojo de você.
Ela viu cada palavra atingi-la em uma expressividade que lhe roubou o fôlego.
- Eu reconheci suas mentiras no momento em que as contou. - Continuou, enquanto ainda lhe restava coragem. - Sabia que tentava me enganar convencendo-me de que era tudo um jogo para você.
- Você sabia e mesmo assim permitiu?
- Eu precisava acreditar! Eu me sentia caindo em precipícios até o diagnóstico daquele homem! - Apelou tentando fazê-la entender o turbilhão que pelo qual passava desde a briga com o marido. - Francamente, desde aquele dia eu tenho estado apavorada, porque quando confessou que tinha sentimentos por mim, minha voz queria te dizer o mesmo.
Antes que ela emitisse algo sua mão foi a boca dela rogando silêncio. Se Celine falasse mais alguma coisa a pouca determinação que ainda a mantinha de pé ameaçaria ruir.
- Eu não sei o que eu sinto, mas quando olho para você... - O movimento gracioso que um cacho fazia ao deslizar no seu rosto a atraiu para todas as outras características dela. - Me faz querer estar com você, falar com você... E até desejar você.
Seu coração poderia muito bem sair de seu peito pela força em que atingia suas costelas.
- É mais poderoso de tudo que eu já senti e isso me assusta, porque, as formas com as quais eu te quero são as forma pelas quais aprendi serem erradas.
- Você sabe o peso do que está me dizendo? - Questionou tocando seu pulso onde sentiu um bater violento em suas veias. - Cibelle, eu... Isso me assusta também. Eu não sei como isso começou, mas é tão forte que eu não consigo mais negar.
Era impressionante como a verdade simplesmente fluía sem ao menos uma malícia por trás delas. Era a difícil e pura verdade que lutaram tanto para evitar.
- E se Deus, realmente condena o que sentimos, penso que ele não deveria ter posto nós duas no mesmo lugar. - As batidas no pulso dela se tornaram ainda mais evidentes. - Um ser tão poderoso deveria saber que no momento em que me dissesse essas palavras eu não seria capaz de resistir a você.
Seus lados racionais apelavam - berravam - para elas se afastarem e parassem uma coisa que sabia ser suas condenações. Afinal, ainda tinham tempo. Ainda podiam fingir que nada aconteceu. Mas, os apelos eram tão inúteis diante dos sentimentos que as cercavam que elas facilmente não os escutou.
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A outra [FINALIZADO]
RomanceLivro I da trilogia "Amores inimigos" "Amar ela era como caminhar de encontro a minha própria condenação." A secretamente abolicionista Cibelle Herveston é a grande duquesa de Manchester. Bela, recatada e devota. Ela foi descrita até mesmo pela rain...