Capítulo Quarenta e Sete - Gaiola dourada

3.9K 397 345
                                    


Em algum momento entres os dias que se passavam os passeios com a loira pela propriedade viraram algo tão esperado que Celine já adormecia pensando no próximo lugar em que poderia visitar. Tendo se transformado em algo igualmente rotineiro para os moradores do refúgio, até as escravas criaram o hábito de preparar uma cesta com novas receitas para que elas - em especial a duquesa - pudessem desfrutar junto as paisagens.  
Em um desses passeios em particular sua frustração com a demora de Cibelle a fez se irritar causando a primeira briga boba que tinham em dias.  

- Inferno Belle, não estamos mais em Londres! Largue esse maldito acessório, já me cansei de correr atrás dele toda vez que é levado pelo vento. - Brigou vendo a batalha interna dela em escolher qual sombrinha combinava mais com a cor rosa de seu vestido. 

- Você demora o dobro disso! - Retrucando que pelo menos era decisiva em seus trajes, Celine fez um rápido trabalho deixando as incríveis mechas loiras brilharem em um penteado simples. 

Com exceção das péssimas tentativas que sempre resultava na condessa andar com os cabelos soltos elas até que se saiam relativamente bem na tarefa de se ajudarem. Além, de ser divertidamente excitante os sexos que resultavam nos espaços entre o banho e a troca de roupa. Em duas oportunidades, Celine até escolhera não usar nada por baixo somente para provoca-la um pouco.  

- Não pedi para que me ajudasse. - Respondeu a loira orgulhosa. - Sou perfeitamente capaz de correr atrás da minha própria sombrinha. 

- É de sol que sua pele precisa sua chata. - Em um gesto infantil de rebeldia ela agarrara a escolha florida com mais força. 

- Você não é exatamente um exemplo para falar de mim. - Resmungou para seu reflexo no espelho. - É tão branca que transluz.

Antes que pudesse agir a condessa com raiva jogara todas as sombrinhas pela janela. 

- O que você fez? - Gritou com ira vendo todas arruinadas com a lama abaixo. 

- Pronto, agora ninguém correrá atrás de nada.

Apreciando a beleza dela aflorada com o brilho dourado que a pele adquiriu com os raios do sol, Celine alegremente lidou com as brigas que vieram depois disso.

Em escala maior que os passeios a recuperação de Adika era também extremamente esperada. Provando ter a força de pais guerreiros, ele havia superado as expectativas do médico, não conseguindo somente acompanha-lo na terapia como também ganhado rapidamente apetite. Mesmo seu peso ainda sendo esquálido e os ossos aparentes, o menino agarrava a vida com uma ferocidade que assustava a própria morte.

Apesar do progresso contínuo, isso não impedia que até mesmo seu amigo sofresse ao ser reduzido em observa-lo sem poder fazer nada. Em um desses dias por exemplo, ao ver a dor estampada no rosto de Adika conforme o médico estimulava as articulações na perna dele, Vitor atingira seu limite agarrando a mão de Zarina e saindo em disparada para fora. 

- Para onde está me levando? Vitor pare, está me machucando. 

"Você disse que quer faze-los pagar, então vamos! Seu filho não vai estar mais recuperado se esperarmos." As letras continham tanta ferocidade que em alguns pontos o papel não resistira rasgando.

- Entrando no território dele, fazendo justiça com seus punhos, atirando e arriscando a própria vida como fez com aquele soldado que me feriu? É só isso que entende como vingança? 

Atrás dele Celine segurou a própria vontade de confirmar também. Para eles não existia forma mais direta e efetiva que acabar de vez com um inimigo.

- Eu não quero esse tipo de vingança! - Protestou frustrada. - Eu prefiro descobrir quais são os pontos fracos para que possa atingi-los onde mais dói, quero saber que eu lhes tirei tudo que era mais precioso assim como eles fizeram comigo. Não entende? Ver a ruína deles é a melhor vingança que eu poderia ter... Mas, socos e morte não trarão isso. Cibelle, tem um plano, ela nos ajudará nisso, confio nela! 

A outra [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora