A outra [FINALIZADO]

Capítulo Vinte e Oito - Não se pode fugir do passado

Ali no conforto das sombras Saymon viu os olhares que o acompanharam em toda sua espera migrarem do completo desprezo para brilharem com a mais pura admiração ao notarem a personificação do que ele mais odiava descer da sua carruagem dourada, com seus perfeitos trajes dourados e seu insuportável ar superior. Embora não quisesse vê-lo tão cedo, o conde não estava surpreso em ver Joseph Herveston no parlamento. Assim como as dezenas de empresários que se amontoavam naquele edifício, eles estavam lá pelo mesmo motivo. Acompanhar de perto uma reunião que traria as notícias que iriam determinar o futuro de seus negócios.  

- Joseph. - Cumprimentou com escárnio assim que vira seu inimigo andar pelo salão como um maldito rei. - Imagino que veio aqui para atrasar a iminente queda da sua empresa. 

- E você para manter aqueles buracos que chama de mina. - Rebateu nem um pouco fraco. - Isso combina com você Saymon, parece que seus descendentes estão sempre com os pés na lama. 

A escolha do tiro em seu seu ponto mais vulnerável fizera seu trabalho e o sorriso cínico do conde se desfez por completo. A ruína da sua família era o calcanhar de Aquiles de todo Ashworth. Um ponto fraco em suas dignidades e uma vergonha que carregariam onde quer que fossem... Mas isso não foi sempre assim. Houve um tempo em que Ashworths eram uma família numerosa que podia se orgulhar de seu nome, eram ricos, poderosos e estavam praticamente no topo do mundo! E mesmo assim bastou apenas uma maldita decisão para acabar com tudo.

Três gerações atrás o reino se dividia entre aqueles que apoiavam o primeiro príncipe e aqueles que clamavam ao rei pela ascensão do segundo. Como primogênito ele tinha o direito do nascimento, tinha sido preparado toda sua vida para isso, mas seus atos egoísta, sua incapacidade de liderar e sua fama de louco torturador colocava todo o reino em perigo.

Quanto mais o rei envelhecia, mas ele demonstrava estar inclinado a aclamação da metade de sua corte, em especial, uma família ali se destacava... Os Herveston's. Parentes diretos da realeza, mas que graças ao histórico de inaptidão dos seus líderes possuíam um fraco poder político sendo tão invisíveis a sociedade que era como se eles nem existissem.

Porém, um dia tudo isso mudou. Quando no aniversário de maior idade do segundo príncipe o rei surpreendera a todos ao nomea-lo o futuro governante de seu reino. Como alguém aclamado por carregar a fama de jovem sábio, líder capaz e um verdadeiro nobre a decisão fora recebida com felicidade quase que total. Quase, pois nem todos estavam do lado do vencedor.

Afetadas negativamente pelo seu apoio ao primogênito as famílias motivadas pelo orgulho ainda clamavam pela coroação do que eles chamavam de "verdadeiro rei". Na coroação do seu irmão, o príncipe herdeiro jurou retomar o trono e procurou entre seus aliados a família mais forte daquela época para ajuda-lo. Em uma reunião secreta ele jurou diante dos nobres restantes inúmeras recompensas em troca de seus recursos e apoio quando ele recuperasse a coroa que nasceu para carregar.

Aliados pelos Ashworth's nenhuma família pensara em recuar e em questão de dias seus antepassados juntamente ao príncipe planejaram um grande golpe de estado. Todo o plano era perfeito, eles conseguiriam destronar o "falso rei", o verdadeiro aproveitaria-se do laço fraterno que os unia para levá-lo o mais longe de sua fortaleza onde estaria desprotegido e forjar sua execução. Como o sobrevivente de um "terrível atentado" ele colocaria a culpa nos países inimigos e as pessoas não teriam outra escolha além de aceita-lo como o novo governante. 

Mas, em sua arrogância os Ashworth novamente não enxergaram os Herveston e sua tímida ascensão no governo do atual rei. Seus novos espiões infiltrados em cada buraco dos aliados rapidamente descobriram o plano e assim que o segundo príncipe tivera conhecimento do terrível golpe de estado de seu irmão uma verdadeira caçada foi iniciada a todos os apoiadores.