Capítulo Quarenta e Seis - Reparação

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- Vitor, pegue minha arma! 

Revelando um novo esconderijo abaixo do sofá a condessa apanhou a pistola jogando nas mãos hábeis do mordomo que rapidamente verificou o coldre antes de guarda-la atrás da calça. Os olhos das mulheres ganharam ainda mais dimensão quando a mesma, logo mais se aproximou da lareia agarrando a espingarda do falecido marquês. 

- O que vai fazer com isso? - Questionou a loira tentando ser compreendida no meio da confusão.  

- Vá para o quarto de Adika, leve a duquesa e as outras com você. - Continuava ela ignorando-a.

- Ninguém precisa ir a lugar nenhum! - Em confusão as criadas inquietas olhavam as duas mulheres sem saber qual ordem deveria seguir.  - Acalme-sem todos de uma vez! Não há motivos para precisarmos de armas!

- Vá com Vitor entendeu? Ele quer a mim não você. - Aqueles olhos azuis fitando-a como se fosse uma peça de porcelana prestes a quebrar só fizera sua raiva aumentar em tamanho. 

- Ele não veio atrás de ninguém! - Gritou gesticulando em direção a entrada onde a cada segundo o conde de Bath se aproximava. - Está aqui porque eu o convidei!

De uma só vez todos pararam encarando a duquesa como se ela tivesse criado membros extras no seu corpo. 

- Você o que? - Guinchou fazendo ela encolher.

- Vocês precisam tirar isso do peito Celine, são uma família e uma família deve estar unida.

- O que diabos você fez, Cibelle? - Sussurrou a condessa com um tom sombrio que invocara arrepios na sua pele. 

- Eu peguei a carta do seu falecido marido e enviei para seu enteado como se fosse uma mensagem minha. - Para sua felicidade a voz não transmitia metade do pavor que sentia. - Imaginei que ele não ignoraria o brasão dos Crawford's e a leria. 

Uma frieza que nunca vira naquelas íris escuras a fitou enquanto seu semblante traído terminou de amedrontar seu interior.

- Não era seu direito. 

Sua tentativa de aproximação só fez ela recuar olhando para o teto como se rogasse por calma. 

- Sabe a quantos anos Heitor está morto? - Continuou ainda sem fita-la. - Já pensou que por Richard guardar ressentimentos as palavras do pai podem não valer mais nada para ele? - Ela não tinha como argumentar contra isso. Admitia que seu plano não passava de um tiro no escuro. - Chega, não temos tempo. Vá com Vitor e se isso não se tornar um banho de sangue conversaremos depois.

Antes que a mão cautelosa do mordomo tomasse por completo seu braço ela o puxou violentamente. 

- Na fazenda quando escutei aquele tiro e não vi você, pensei que havia sido morta. Mas, algo pior do que o desespero que senti quando não a vi ao meu lado fora o de pensar que não estava lá para protegê-la. - Começou encarando com a mesma frieza no tom. - Não ficarei escondida enquanto está em perigo por aí! Estamos juntas nisso e se for necessário arrisco-me como fez  dezenas de vezes por mim também!

- Você quem pediu. - Rosnou ela escancarando a porta e destravando a espingarda a metros de distância do peito do enteado. - Dê mais um passo e não exitarei em atirar.

- Não será preciso. - Livrando-se do casaco Richard lentamente girou mostrando estar desarmado.  - Celine, eu só quero a segunda parte da carta. - Sob o olhar atento dela ele também tirou do bolso o papel antigo com a letra de Heitor. - Lady Herveston me disse que se eu quisesse a segunda parte ela estaria com a pessoa a quem devo pedir perdão. 

"Perdão?" Pensou olhando ligeiramente para a loira que acenou confirmando. 

- Por favor... Eu imploro... Me deixe saber as últimas palavras do meu pai. 

A outra [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora