Capítulo Cinquenta e Quatro - Gênese

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- E o banquete?

- Houve um pequeno contratempo, não teremos caça suficiente. - Era de dar pena a forma como sua governanta minguava explicando os contratempos como se as burocracias de territórios e a disposição dos animais fossem falha dela. 

- Aumente o número de pescados. - Ordenou observando as poucas criadas alfabetizadas anotarem logo atrás. - E os chefes? 

- Confirmaram presença e estamos terminando os preparos para dobrar a quantidade de pessoas na cozinha como vossa graça ordenou. 

- A bebida?

- Conferidas. 

- Confiram de novo, não quero que se repita o incidente do ano passado. 

- Sim, duquesa. 

Sem mais detalhes que não pudessem ser repassados outra hora Cibelle os dispensou esperando até o último deles sair e ter certeza de que estava só. Ignorando seus ombros pesados pelo cansaço ela pretendia voltar ao interminável dever de administrar o ducado quando Zarina apareceu carregando a bandeja que trinta minutos atrás ela dispensara.

- Acaso está doente para se recusar a comer direito há dias? - Questionou entregando de modo autoritário um prato diferente dos que seu chefe servia, mas muito semelhante aos que ela comeu no refúgio. - Eu mesma preparei, agora coma. 

Não querendo admitir que era justamente o que precisa, ela lentamente se serviu. A verdade é que não se sentia doente, sentia-se vazia. 

- Tranquilize-se, a condessa vai voltar... Ela a ama demais para residir em outro país sem você. - Se a próxima colher tivesse chegado aos seus lábios Cibelle teria engasgado.

- Deus, quantas pessoas sabem? - Instintivamente os dedos tocaram no pescoço como se sentisse a corda mais próxima a cada cúmplice que surgia. 

"Tinha guardados segredos por anos, não era assim tão péssima." Pensou, levando em conta o número preocupante que escondia. 

- A acompanho a quase todos os lugares, organizo seus pertences e até ajudo-a a se trocar. Seria surpreendente se eu não descobrisse. - Respondeu cruzando os braços sob o peito como se estivesse lidando com Adika. - Não se preocupe, isso não me é tão incomum quanto pensa. De onde descendo sempre houve tribos em que casais do mesmo sexo eram aceitos, além disso tenho problemas demais para me importar com quem meus donos dormem. 

A sensação de quase morte fora demais para ela que sentindo uma torrente de alívio enfraquecedor rapidamente enxugava lágrimas tão vergonhosas que desejou sumir.

- Me desculpe, minhas emoções não andam a mesma ultimamente. 

- Cibelle? - Assustadas criada e senhora se viraram encontrando olhos floresta preocupados na direção de uma delas. -  Pensei em convida-la para dar uma volta, mas se não estiver sentindo-se bem_

- Uma volta seria ótimo. - Com a humilhação dobrada, a duquesa estava disposta a dar qualquer coisa ao marido se isso significava tira-la do clima destrutivo que era ter Zarina e Joseph no mesmo cômodo. 

 

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