Capítulo Quatro - A chegada é sempre mais difícil

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Ao ver a suntuosa propriedade dos nobres que seriam seus donos Zarina não pode evitar que sua boca fosse ao chão.  Se lhe dissessem que no período de um ano ela sairia de seu quartinho minúsculo e coberto por ratos para morar naquele palácio branco, ela nunca acreditaria.

Conforme se aproximavam do destino gradualmente os cavalos diminuem a velocidade até chegarem na entrada da mansão. Tomando uma respiração encorajadora ela desce da carruagem e cumprimenta os dois idosos que esperavam ao fim das escadas. 

- Senhorita Afar. Meu nome é Ilda Haden sou a governanta dessa propriedade. 

- Sou Frederic Hilbert, o mordomo dessa propriedade. 

- É um prazer conhecê-los. - Feita as apresentações a governanta sorri para a inusitada criada de sua patroa. 

- Deve estar cansada. Venha, vou lhe mostrar seu quarto. - Andando um pouco atrás Zarina seguia a velha mulher da escada até a entrada a passos lentos. 

Maravilhada, ela tentava gravar cada aspecto magnífico daquele local. Tudo lhe parecia tão caro e grande que não pôde evitar cobiçar um simples vaso. Só aquela peça adornada em ouro e mármore poderia não só lhe comprar a liberdade como também lhe garantir alguns anos em boa vida. 

- Venha, senhorita. 

Esquecendo os pensamentos tolos e apertando o passo Zarinha volta a seguir governanta. Juntas elas passam por largas salas, atravessam por corredores até finalmente entrarem na ala dos criados onde ao fim de uma porta ficava seu quarto. 

- Fique a vontade para olhar o lugar. Vou ajudar o cocheiro a trazer as suas malas. - Lentamente a escrava adentra e Ilda parte na frente dando-lhe um pouco de privacidade.

Novamente a boca encontra chão, ao ver seus aposentos. Tinha visto o suficiente para saber que aquele não era o cômodo mais elegante do lugar. Com tons majoritariamente entre o branco e o creme, a decoração era até simples se comparada aos ao resto da casa. Mesmo assim Zarina estava encantada, pois nunca havia tido um local tão grande para chamar de seu. Hipnotizada seus dedos percorrem a cama surpresa pela boa qualidade do estofado. 

Deus, teria uma cama! Teria um guarda-roupa! Um toucador! 

Curiosa ela continua sua inspeção abrindo o guarda-roupa e se surpreendendo pela segunda vez ao ver que até mesmo algumas roupas lhe foram providenciadas. 

Isso não pode ser real. Certamente dormi durante a viagem e agora estou sonhando... Questinou Zarina tentada a beliscar o braço.

Seus trapos foram trocados por belos vestidos, o chão onde dormia agora era uma cama macia, o cheiro de dejetos e sangue foram substituídos pelo mais magnifico cheiro de flores diversas e no lugar de janela nenhuma havia uma grande o suficiente para ela sentar e admirar a vista do jardim mais impressionante que seus olhos já puseram! Não haviam correntes para prendê-la, homens sujos para deseja-la e não escutara uma ofensa a respeito de sua cor a muito tempo. 

Tudo estaria perfeito se o vazio em sua alma e no seu coração não a impedissem de desfrutar. Faltava a alegria esfuziante, o olhar esperançoso e a inocência infantil ao seu lado... Sem ele para compartilhar tudo aquilo, Zarina não conseguia obter alegria alguma. Sentindo novamente a presença da governanta para encerrar a sua melancolia, ela se volta na direção da senhora Haden. 

- A duquesa Herveston aguarda sua presença no escritório do duque. - Anuncia ela placidamente. 

Largando o chapéu a escrava ajeita algumas mechas do cabelo rebelde e segue a governanta até o local. Assim que adentra as portas do escritório o cheiro de tinta e papéis imediatamente lhe invadem e ela passa os olhos pelo local. O tal cômodo não era tão grande ou suntuoso como achava que seria o escritório de um duque. 

A outra [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora