Capítulo Cinquenta e sete - A dança do destino [RETA FINAL]

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As últimas mechas se enronlavam para completar a trança que a duquesa pedira para toda a criatividade de Zarina realizar. Inspirados, seus dedos libertaram alguns fios para emoldurarem seu rosto, prendendo por fim, os adereços de diamante amarelo que ela mandara fazer. 

- Obrigada por esse gesto, é muito tocante o que estão fazendo por nós. - Iniciou acabando com o silêncio cheio da expectativa da sua dona aguardando o resultado final. - Adika está muito animado... Ele nunca teve uma festa.

Exaltada, a duquesa se virou completamente chateada com o fim de sua surpresa. 

- Alguma coisa escapa de seus olhos?

- Se serve de consolo soube somente hoje. - Meneou rindo baixo. - A cozinha as vezes fala alto demais. 

Resmungando coisas a respeito de criados fofoqueiros e todo o discreto trabalho de Lilian e Ethan arruinado, ela caminhou em direção a varanda arrastando logo em seguida um manequim perfeitamente escondido atrás das cortinas. 

- Agora que já sabe não preciso mais inventar todo dia um novo esconderijo para isso. - Acabando com a mistura de incompreensão e suspense na face dela encarando agora dois manequins no quarto, ela puxou o tecido revelando seu pedido secreto a madame Joly. 

Bem mais humilde em comparação ao extravagante espetáculo dourado, o vestido de decote quadricular, mangas curtas e saia bufante habitava em sua simplicidade toda a riqueza de seu delicado planejamento. Pensados minuciosamente as flores de variações mais claras enriqueciam os babados nas laterais do tecido e se uniam a uma gargantilha de renda com sapatos e luvas no mesmo tom para combinar. 

- É uma rainha aos olhos de seu filho e ele merecer ver a mãe brilhar como tal. - Concluiu aliviada pelo deslumbramento nos olhos dela ao se aproximar do tecido púrpura, a cor da realeza. - Se o vestido que roubei de você está com as medições em dia madame Joly assegurou que caberá perfeitamente.

- Roubou algo de mim?

- Oh, não faça piadas! Ainda passo mal toda vez que lembro do que a fiz passar. - Repreendeu captando a brincadeira horrível com a série de maus entendidos que resultaram em roubos, fugas e violência. 

- É passado Cibelle, somos amigas agora. - Seus sorrisos de alívio tomavam toda a face, ao perceberem que mesmo de um solo infectado por mentiras uma linda amizade crescia. - Se o presente é mesmo meu será que a grande duquesa de Manchester poderia me ajudar a coloca-lo? 

A segunda piada tivera mais êxito e Cibelle rindo realizou uma mesura aceitando seu papel de criada. Apesar de não ser tão rápida seu esforço compensava a ausência de habilidades e faltando apenas o colar seu nervosismo escolheu aquele momento para pegar o pacote maior ao lado e entregar nos braços dela. 

- Você deixou cair. - Disse apontando para a carta que suas mãos suadas prederam frouxamente ao laço da caixa contendo o terno para Adika. 

- Oh, esse pedaço de papel? - Desdenhou retornando para a cama onde estava a gargantilha de ametistas. - Ele vem com o presente.

Fingindo estar entretida com o acessório, a duquesa esperou a curiosidade dela abrir e cuidadosamente ler. Um grito repentino a assustou e correndo para ampara-la, Cibelle agarrou os braços finos até o corpo pálido estar seguro no chão. Na carta as palavras "alforria" e "liberdade" estavam gravados juntos ao nome dela como um sonho que Zarina achava distante demais para alcançar, mas estavam ali, em suas mãos calejadas coberta por luvas finas.

- Não, sem lágrimas. É sua festa de boas vindas e não vai querer ir com os olhos inchados. Aah céus, eu também não posso ir com os olhos inchados também! - Tagarelava indecisa entre abanar o rosto e tentar fazê-la sair do chão.

A outra [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora