Capítulo Final - O começo de um recomeço

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Nos muros do palácio real, a duquesa e o sétimo príncipe observavam com sorrisos involuntários a interação de duas almas inocentes no corredor. 

- Seu filho cresce bem. - Comentou entretido com a insistência em que o futuro do ducado engatinhava atrás da menininha de vestido branco. - Não acredito que já se passou um ano desde a_

- Por favor, não mencione esse dia. - Interrompeu dispensando as desculpas dele. - Há um assunto que necessito tratar com você... Desde seu casamento uma preocupação constante vem afligindo-me. 

Pelos costumes que impediam uma viúva de frequentar a sociedade por no mínimo dois anos, a duquesa agradecidamente não comparecera a nenhuma ocasião e isso incluía também a união mais importante do reino. Não que isso importasse afinal. Era uma das poucas a entender que aquilo não se tratava de um evento feliz. Porém, haviam sido as menções nos jornais sobre a atitude quase enlutada da princesa em seu caminho ao altar que tinham-na posto inquieta.  

- Tenho continuamente rezado para que vocês continuem a salvo. - Alerta para os guardas que passavam ela tratou de baixar sua voz para um sussurro. - Diga-me, a princesa segue sem suspeitar do seu romance? 

- Fala de Flora? Cinco minutos de nossa "noite de núpcias" e ela já tinha suposto tudo. - A óbvia despreocupação pegou Cibelle completamente desprevenida. - Acredite-me, Phillipe e eu estávamos certos de que encontraríamos nosso fim em poucos dias. Isso até ela me apresentar o cavaleiro pessoal dela e bom... Seu amante.  

Seja qual fosse sua expressão, a duquesa só podia supor ser cômica, pois a risada de George preenchia forte o corredor. 

- Foi um alívio saber que não precisava enganar minha esposa. - Continuou recuperando a compostura que seu título exigia. - Juro-lhe por Deus, nós quatro estamos bem e rindo da sociedade por aí. 

- Esse mundo é tão imprevisível. - Murmurou em choque.

Pensando o mesmo o príncipe contemplou a aliança que era mais um símbolo de um acordo mútuo que um objeto físico de amor. O verdadeiro - sustentado por um cordão de ouro - fazia companhia ao seu coração. "Um lugar adequado." fora o que seu amor dissera na cama que compartilhavam um dia antes do falso casamento acontecer. 

- Não sabe o quanto me alegra vê-lo assim. 

- Eu queria que seu rosto demonstrasse... Ooh, Belle, ninguém a culparia se desse um sorriso. - Ignorando o distanciamento ele tocou nas mãos protegidas pelas luvas pretas. - É um momento de alegria, querida! Finalmente veremos Saymon ser executado! 

Curiosamente a menininha de aparentes quatro ou cinco anos se virou para eles pela primeira vez. Esferas azuis encararam George com uma frieza desconcertante e ao pararem nos seus se foram tão rápidos quantos suas pernas pequeninas. Agradecida pelo choro alto poupa-la de continuar aquela conversa, Cibelle caminhou em direção ao seu filho.

- Quem era? - Perguntou tratando de pega-lo no colo para acalmar as tentativas dele de impedir que a tal menininha seguisse adiante. 

- Não sei. Ela parecia tão triste sentada no canto, mas não deixava ninguém se aproximar. - Explicou sua amiga com pena. - Fiz mal em permitir que ele fosse?

Relembrando o sorriso ínfimo que a menina expôs com o idioma indecifrável do filho ela pretendia negar, mas o que todos aguardavam calou sua voz com o seu som ensurdecedor. Na forma perturbadora de badaladas os sinos que anunciavam ser a hora trouxera junto ao barulho um frio que viajou até sua espinha.  

- Está certa de que não quer que fiquemos? Podemos esperar.

- Sim, leve-o daqui. 

Aceitando os braços que Zarina erguia o corpinho todo se esticou na direção deles com uma naturalidade costumeira. Amavam-se como se compartilhassem o mesmo sangue e apesar de não poder ler a mente pequena, tinha certeza que seu filho enxergava-a dessa forma desde o dia em que os mesmos braços o ajudou a trazê-lo ao mundo. 

A outra [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora