Capítulo Sete - Uma ideia não tão estúpida assim

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Há tempos a determinação de Cibelle tinha ruído e só o que sobrara da jovem mulher era uma fraca teimosia. Usando dela a duquesa bate timidamente a porta que conectava o quarto deles a espera de uma resposta. Sentia-se patética com aquelas roupas tão bregas, mas a fina camisola de seda que lhe caia até os pés e contornava levemente o corpo era o que de mais sensual tinha.

Ela lembrava que havia sido feita dez anos atrás para a sua lua de mel junto com todo o seu enxoval, mas para seu horror nenhuma daquelas peça havia sido escolhida por ela. Como sempre acontecia quando o assunto era o noivado da filha fora Eleanor Crawford que após o fim da temporada que marcava a união dos futuros duques e sem uma única vez consultar a noiva organizou todos os preparativos do casamento. 

Ela não precisava dizer que a tal camisola nunca havia sido usada. Após a cerimônia Cibelle havia esperado toda a noite que seu marido comparecesse, mas Joseph só havia dormido com ela quatro meses depois de casada e mesmo assim só o fizera para atender as ordens do duque antecessor - ainda vivo na época - de cumprir logo com suas obrigações. E foi numa noite qualquer em que entrando nos aposentos dela Joseph - com um inesperado e gentil cuidado - tirou sua virgindade marcando de vez o casamento aos olhos de Deus e de toda sociedade. 

- Entre. - Cibelle ignorou as pernas trêmulas e se forçou a entrar nos aposentos do duque.

Ele não dormia, estava sentado em uma cama duas vezes maior que a dela com papéis espalhados no dossel e uma garrafa de brandy ao lado.

- Ainda trabalhando querido?

Com apenas as calças e a camisa, Joseph ainda usava os trajes do baile na casa da família Crawford. Inerte aos planos da esposa quando viu as roupas de sua mulher, uma vaga lembrança da falecida avó em trajes parecidos foi invocada em seu cérebro e segurando um riso nem se deu o trabalho de olha-la uma segunda vez. 

- Você não é cega minha cara. O que deseja?

- Apenas quero passar um tempo com você. Posso me aproximar?

- Cibelle, estou cansado. - Um pedido sussurrado de "por favor" através daqueles olhos assustados fizeram com que num suspiro cansado ele desistisse. - Tudo bem, faça o que quiser.

Ignorando o olhar de curiosidade do marido, Cibelle em vez de sentar-se na cadeira ao lado da lareira que Joseph indicara ela sobe na cama e fica ao seu lado fingindo interesse nos números dos papéis que ele carregava. Mexendo de maneira infantil na renda da camisola sob seus pés ela covardemente esperou até Joseph desistir de olha-la e mergulhar novamente nos assuntos de sua empresa. Ter a atenção dele enquanto ela tentava pôr em prática seus planos só a deixava mais nervosa.

Assim que sentiu-se segura o suficiente com as mãos fracas lentamente ela moveu os dedos da renda até as calças dele continuando todo o caminho até seus ombros onde aproximando o rosto recostou a cabeça ali. Imediatamente sentiu que seu marido contraia os músculos com aquele contato. 

Joseph não estava acostumado a ter Cibelle tão perto e o cheiro de seu corpo apesar de ser sempre convidativo, suas tentativas de adquirir intimidade sempre o irritavam. Afinal eles tinham feito um acordo de que embora fossem casados no papel, nunca seriam amantes. No primeiro ano de casado, Joseph até tentou se aproximar dela, mas quando percebeu que seu coração nunca pertenceria a sua esposa desistiu. 

Ele não a desejava e esperava que ela entendesse de uma vez por todas que por esse motivo deveria manter distância dele.

Estar casado com Cibelle Crawford já era um fardo, ela não precisava piorar a situação.

Por causa da união que foi forçado a aceitar Joseph não podia estar junto com a mulher a quem ele realmente escolhera e isso o amargurava por dentro. Pensava ele que se sua esposa não entendesse seu sofrimento poderia ao menos respeitar sua vontade. Sem perceber o desagrado do marido com sua proximidade, ela tira os documentos de suas mãos e senta-se sobre seu colo. 

A outra [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora