Capítulo Cinquenta e Um - O mistério da condessa libertina

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Seu estômago mimado pela comida do "Refúgio" e seu corpo exigindo a necessidade fisiológica por calorias travava só mais uma guerra diária na varanda em que nos dias sozinha Cibelle gostava de desfrutar o café da manhã. Hoje no entanto, seu dedos remexendo nas torradas não vinha do desânimo por não estar se empanturrando em doses anormais de açúcar, mas de uma sensação vazia que lhe tirou o sono e a fazia se demorar vagando os olhos por seu jardim.

- Se der mais um suspiro eu posso chamar Eleanor aqui... Garanto que não conseguirá paz nem dentro de sua cabeça.

A tentativa de anima-la não poderia ter vindo em pior hora e mascarando o pânico ela sorriu vasculhando qualquer indicação de que sua mãe pudesse ter conseguido contata-lo mesmo não tendo passado mais de um dia desde aquele pesadelo na casa do irmão.

- Pensei que já estivesse na empresa. - Disse estranhando sua presença tão tarde do dia.

- Demorei-me no escritório, porque queria esperar por você.

- Estava a minha espera? Algum problema no ducado?

- Não, tudo está indo bem. - Assegurou impedindo-a de se levantar. - Vim apenas lhe entregar isto.

Ocultando um impressionante sorriso Joseph deixou o jornal ao alcance de suas mãos. Um pressentimento transformou seu corpo e pura ansiedade e controlando os membros trêmulos ela foi direto a pagina que o duque marcara.

Destacado em letras garrafais, a coluna estampava a prisão de Jimmy Mallory e vários de seus capangas, acusados de crimes contra a coroa e tráfico de escravos livres. Os questionamentos assim como as felicitações estavam todas voltadas ao "bom cidadão anônimo" que não apenas tornou a prisão possível como dera a localização onde mais vítimas foram resgatadas.

- Acredito que seu dia será melhor depois disso. - Estática a boca de Cibelle abriu e fechou-se uma porção de vezes em total e completa descrença. O duque adorou isso. - Me diga se houver algo mais que posso fazer para redimir-me, adeus.

O peso de ter derrubado seu maior negociador foi inútil perto da satisfação ao ver a felicidade no rosto dela e se permitindo um pouco de atrevimento Joseph beijou o topo dos impressionantes cabelos dourados como despedida.

O chá já havia esfriado quando a duquesa reencontrou a sua voz somente para requisitar a presença da criada pessoal.

- Zarina, como está seu aprendizado com a leitura?

- Promissor, leio cada vez mais rápido os livros que Vitor me dera. - Respondeu apontando confusamente para o mordomo que acenou reforçando.

- E quanto aos jornais? - Com a última peça que precisava para se vingar daqueles que mais fizeram mal a Zarina e Adika, Cibelle mal continha sua vontade de pular de alegria. - Meus olhos doem e sinto-me cansada... Sente-se e leia um pouco para mim, sim? Vitor, una-se a nós.

- Não podemos. - Protestou vagando pelas criadas que com um gesto da duquesa retiraram.

- Sou senhora desse lugar, obedeçam. - Insistiu com suavidade.

Assim que ambos sentaram e Zarina iniciou uma leitura vagarosa da notícia, não tardou para ela fazer justamente o que a patroa desejava pulando pela varanda, com os olhos úmidos pela mistura de justiça e alívio.

- Adika, precisa saber disso!

- Espere! Espere! Tenho outra coisa para lhe dar.

- Outra? - Repetiu desconfiada pelo modo em que mordomo e nobre trocavam olhares.

- Vitor, pode me dar agora... Sei que guardou muito bem para mim. - Sorrindo ele retirou do colete o mesmo papel pardo que o conde de Bath com tanta discrição entregara a duquesa no dia que partiram. - Disse-lhe que precisava de um tempo para executar um plano que derrotasse aquele maldito homem, mas temos todos escondido um segredo de você.

A outra [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora