Capítulo Nove - Grandes mudanças requerem coragem

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Após um café da manhã solitário, Cibelle segue para o escritório do seu marido em vista de cumprir mais um dia de suas tarefas. Ao passar por entre as portas, seus lábios se erguem num sorriso amigável com o inusitado encontro que lhe esperava. Há alguns metros de distância Zarina usando da ponta do pés tentava alcançar um livro em uma das quilométricas estantes de seu marido. 

- O que está fazendo? - Assim que a voz de sua dona entra por seus ouvidos ela com os olhos arregalados abruptamente se vira e o movimento faz com que o tal livro caia.

- Perdão ma-ma-madame, por-por-por favor eu não ia pegar nada eu juro. - Gaguejava ela, parecendo a beira de ter um ataque. - Estava apenas olhando. 

- Acalme-se, não a acusei de roubo.

Buscando tranquiliza-la Cibelle sorrindo se aproxima e recolhe o livro do chão pondo em suas mãos. Não se tratava de um livro de histórias como ela imaginava, mas de um glossário de palavras. Recordava ter tido um na infância quando estava aprendendo a ler. 

- Sabe ler? - Perguntou curiosa com a escolha. 

- Pouquíssimo, minha senhora. - Admitiu ela abaixando os olhos e corando envergonhada. 

- Alguma vez me chamará de Cibelle?

- Perdão, madame é apenas um hábito.

- Tente. - Sugeriu. 

- Cibelle. - Seu nome saíra quase como um engasgo e um tanto estranho, mas estava satisfeita. 

- Melhor assim. - Respondeu ela sorrindo para encoraja-la.

Apesar de seus esforços para acalma-la Zarina ainda tremia. Lembranças dolorosas de castigos levados por motivos bem menores do que simplesmente pegar um livro haviam-na tornado paranoica e amedrontada. Ainda tinha as cicatrizes da surra que levara por ter ousado colher uma flor dos jardins de uma propriedade vizinha e apesar de ter diminuído no último ano, ainda sofria com os pesadelos resultantes de um confinamento por quatro meses num cubículo tão sujo e pequeno que ela mal podia sentar sem que suas pernas ocupassem todo o espaço. 

Seu crime? Ter quebrado uma xícara do jogo importado de sua baronesa. 

- Gosta de livros? - Perguntou Cibelle tentando incentiva-la a continuar falando.

- Minha antiga dona costumava ler para mim e meu filho. 

Nunca pôde entender muito bem como a sua sinhá conseguia ser tão amável num dia e cruel em outro. Mas, contanto que seu menino pudesse desfrutar dos dias bons e permanecesse a salvo da ira dela, Zarina conseguia aguentar ser o alvo daqueles dias ruins.  

– Adika sempre amou as histórias. - Disse ela distante recordando o sorriso crescente e os castanhos olhos brilhantes dele a cada página. 

A menção do menino faz pesar o ambiente.

- No futuro darei um jeito de ensina-la. - Prometeu Cibelle falhando em manter o sorriso. - Por enquanto gostaria de me fazer companhia? Estou entediada.

 - Por enquanto gostaria de me fazer companhia? Estou entediada

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