Lira Symons e seu irmão Lorenzo são filhos de pais extremamente ricos, mas como dinheiro não traz felicidade, nem tudo é mar de rosas nessa família, e quando eles crescem não fica muito diferente de quando eram crianças. Um acidente faz com que su...
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Lira...
Subi na minha cama e me escondi de baixo da coberta, quando escutei os miados do meu gatinho, me virei, ele tinha entrado no quarto pela porta que estava aberta, mas lembro de ter fechado.
-Ei Lion, vem aqui vem. -Chamei.
Quando ele se aproximou da minha cama começou a ficar com o pelo todo eriçado, e muito bravo com alguma coisa embaixo dali e sibilando sem parar.
-Lion... que foi bichano? -Perguntei colocando os pés no chão.
Enquanto eu ia pegar uma lanterna na gaveta e me virei, o meu gato saiu correndo pela porta indo embora, cheguei perto da cama e me agachei para olhar lá embaixo, quando eu vi alguma coisa e me assustei, fiquei com muito medo, sai correndo pelo corredor e trombei em alguém, era Dolores.
-Ei, ei, mocinha pra onde vai com tanta pressa? -Dolores me perguntou parecendo séria e cruzando os braços.
- Tem um bicho-papão de baixo da minha cama. -Tentei convencê-la.
-Não existe bicho-papão Lirazinha.-Ela falou descruzando os braços.
-Mas tem, eu vi.
-Ei, que foi isso na sua boca, onde você cortou essa boca? -Ela se agachou em minha direção erguendo meu queixo para cima com uma de suas mãos.
-Eu bati na porta. -Menti.
-Sei que espécie de porta é essa, vem vamos no banheiro limpar isso e colocar um curativo. -Ela se levanta e me leva até o banheiro.
-Hum, vamos limpar essa maquiagem borrada também né mocinha? -Ela fala molhando um pedaço de algodão na pia do banheiro.
-Ai ai, ta doendo. -Comecei a espernear de dor.
-Por que você passou maquiagem minha querida? -Parando e me olhando com o algodão na mão.
-Queria ficar bonita pra mamãe me amar, ela não gostou, e o que é vadia?
-Porque Lira? Sua mãe disse isso pra você? -Ela me perguntou.
-Sim, falou. -Respondi.
-Não liga para o que sua mãe disse tá legal? Você é muito linda e especial, tá bom?
-Ta bom.
-Agora vamos voltar pra cama, está bem? -Ela joga o algodão na lixeira.
-Não quero, tem monstro lá. -Digo acenando a cabeça negativamente.
Não adiantou, nada convencia Dolores, e ela me levou para o quarto acendeu a luz e nós duas nos aproximamos da cama.
-Viu? Olha, não tem nada ai.
-É, não ta mais ai. -Digo aliviada, pois não tinha nada mesmo lá.
Foi quando um barulho muito alto no guarda-roupas fez com que nós duas berrassemos de susto.
-Não vai... ele tai ai dentro. -Eu disse quando vi Dolores se aproximando da porta.
Porém ela foi assim mesmo, bem devagar, e quando ela ia abrir a a porta, esta, se abriu sozinha antes e algo saiu muito rápido lá de dentro nos dando mais um susto.
-Seu gato danadinho, só aprontando.-Ela falou pegando o nosso gato que havia saído do guarda-roupa e começou a se esfregar nas pernas dela. -Vou cuidar desse seu bicho-papão aqui. -Ela continuou.
-Mas...-Tentei falar algo.
-Agora tenho que ir, François precisa de ajuda pra limpar aquela bagunça toda antes que ele enlouqueça já nos primeiros pratos, "tu me comprends mademoiselle, oui"? -Ela diz me interrompendo.
-Ah é "oui"? -Falei em dúvida se eu acertaria.
-Très bien, fais de beaux rêves. -Ela disse me dando um beijo na minha testa, depois que já havia me colocado na cama e me cobrido.
Eu não entendia muito bem o que ela falava, quer dizer eu não entendia nada mesmo, e acho que nem ela entendia, acho que ela só estava tirando um sarro do jeito que nosso cozinheiro falava, ele era francês, mas suas comidas eram de outro planeta, Dolores saiu e eu fui dormir, mas queria saber o que aconteceu com meu irmão depois que ele me defendeu da minha mãe, mas se eu fosse lá, tinha medo que ela me batesse de novo, então fiquei por ali mesmo até pegar no sono.
