Capítulo 54: Eu vou ficar bem

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Jace...

O Carteiro tocava a campainha da residência da Lira, e acho que ela não se encontra, então o homem uniformizado me pergunta se poderia assinar e ficar com a carta, disse que sim, e o mesmo me entregou.

No remente dizia departamento policial. Sei que é crime violar a correspondência alheia, mas já fui acusado de coisa pior, então... enfim, algo me dizia que eu tinha que abrir, e foi o que eu fiz.

- O que foi Jace? Parece que viu um fantasma. - Minha tia me pergunta. -O que é isso aí? - Continua.

-Essa carta veio para a Lira. -Conto.

-Ah veio para a Lira, e você que abriu? - seu olhar era repreendor.

-Fui pegar a carta na mão e puff, abriu, o que posso fazer se não fazem mais envelopes como antigamente?

-Jace, jace! Deixa-me ver isso. -Dolores estende as mãos e eu a entrego o papel.

-Por que Lira mentiu pra gente, tia?

-Isso você terá que perguntar a ela, meu sobrinho. -Ela me aconselha.

Lira estava estudando de manhã, então provavelmente ela já teria chegado, mas ao sair na porta da minha varanda, vi a Land Rover do David parada na rua e Lira descia se dirigindo para a casa dela e eu fui atrás.

-Jace! -Ouço a voz do David me chamar e me virei indo até o carro dele.

-Se você estiver a usando, pára agora. Por que se não eu vou preso de novo e dessa vez eu não serei inocente. -Digo e ele arregala os olhos.

-Wow, abaixa a guarda, cara. Com ela é diferente, eu estou realmente muito afim dela.

-Tá avisado. -Dou- lhe as costas retornando o meu caminho.

Éramos amigos, eu o conheço desde criança antes dele se tornar o super popular. Ele já ficou com a metade das meninas daquela faculdade. Senti sinceridade nas palavras dele, mas todo cuidado é pouco se tratando de David.

Bato na porta da casa de Lira.

-Oi Jace! - Ela me cumprimenta.

-Isso veio do correio pra você, o carteiro precisava que alguém assinasse e como não tinha ninguém na sua casa, eu peguei. -Digo.

-Obrigada. -Ela diz, estendendo a mão para pegar o envelope.

-Quando você ia me dizer isso em, Lira? - A indago.

-Dizer o quê? - Ela me encara confusa enquanto pega a carta. -Espera, quem foi que abriu? - me fita.

-Fui eu. - Confesso, ela passa os olhos meio por cima e muda sua expressão.

-Não pode ser! - Ela sussurra e retorna os olhos para mim. -Você não tinha esse direito. -Ela fica irada comigo, mas não me importo.

-Tinha sim. Se eu não abrisse nunca ia saber não é mesmo? -Insinuo, e pela expressão que ela fez, eu já sabia que ela tinha a intenção de esconder o "acidente" do irmão até onde conseguisse.

-Provavelmente. -Confirma e percebo que os olhos dela começam a marejar.

-Enzo está... morto? - pergunto e ela acena com a cabeça que não. -Onde ele está, Lira? - insisto e ela começa chorar desabando no sofá levando as mãos ao rosto.

-Em coma, meu irmão está em coma... irreversível. - Ela revela e sinto meu coração apertar, imagine como o dela não deve estar. -Eu não contei para ninguém.

-Ah! Lira! Você carregou esse peso durante esses três meses sozinha? Por que? - Me sentei do seu lado, afastando seu cabelo do rosto e puxando para traz de sua orelha.

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