Capítulo 53: Eu sou real

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Lira...

Eu não respondi ao deboche de Tais, apenas me virei novamente para o espelho, não havia nada e na torneira escorria apenas água.

-Você é surda ou quê? - Ela insiste em sua implicância.

-Não sou surda, mas acho que tenho direito de não te responder. -Rebato.

Tais se aproxima do lavatório e quando ela ergue a manga da jaqueta vejo algumas marcas em seus braços, manchas de tom esverdeado passando para uma cor amarelada, o que indicava serem hematomas antigos, quando percebeu que eu fitava seus braços ela tentou disfarçar cobrindo-os novamente.

-O que houve com seus braços? Alguém está te agredindo?

-Acho que não é da sua conta. - Ela responde estupidamente.

-Olha Tais, sei que você não foi com minha cara, mas isso é grave, você precisa falar com alguém.

-Não preciso. -A mesma afirma.

Então ela foi em direção a saída e percebi que ela deixou o celular no balcão do lavatório.

-Ei, seu celular. -Grito, pegando o celular na minha mão.

Na tela havia como papel de parede uma imagem que me chamou atenção, ela ao lado de um rapaz.

-Obrigada. -Diz ríspida e estende a mão para pega-lo.

-Espere... por que você tem uma foto ao lado do Erick?

-De onde você conhece o Erick? -Me pergunta, tirando a força o celular da minha mão.

Tais se sentou no chão se encostou na parede e cruzou suas pernas em forma de quando estamos fazendo yoga e começou a se pronunciar.

-Ele era meu namorado, eu o amava muito, mesmo ele fazendo tudo que fazia comigo.

-Esses hematomas foram ele?

-Sim, ele me batia, um dia decidi deixa-lo e ele me enviou uma mensagem que ia se matar e eu fui lá tentar impedir, eu disse que eu não queria voltar, e ele me bateu mais ainda e tentou me empurrar, eu bati a cabeça ficando inconsciente, quando despertei ele já havia pulado. -Ela desabafa.

-Ai meu Deus! -Digo levando as mãos até meu rosto tentando tomar folego. -mas você não foi atrás pra ver se ele estava morto ou não?

-Eu me desesperei, fugi, iam pensar que eu o empurrei, eu só sei que nunca soube mais nada.

-Ele sobreviveu a queda, Tais. -Decido revelar.

-O que? como assim? Mas ele deveria estar morto. Quero dizer, quem sobreviveria a uma queda daquelas? Impossível.

-Não é impossível. Erick está vivo, mas está em coma.

-Vivo! Meu amor está vivo! onde ele está internado, Lira?

-Ele está no... -Duas garotas entraram no banheiro me interrompendo.

Tais se levanta fugaz passando por mim.

-Não conta pra ninguém. -Ela sussurra e sai do banheiro e eu continuei, passei uma água no rosto tentando me recompor da minha súbita descoberta.

Ouvir o sinal soar, era hora de voltar para sala de aula, mas com que cabeça? meu pensamento estava em outra coisa, na verdade está em outra pessoa: Erick, como ele pode ser tão mal caráter? Tão podre?

Saio tão atordoada e distraída que acabei me trombando em alguém, seu peitoral era definido e quente.

-desculpe. -Digo encabulada e me afasto.

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