Capítulo 51: Isso é um inferno

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 Jace... (Narração Bônus)

Um lugar sujo com cheiro de urina e merda, a sensação de calor parece dobrar nessa cela apertada, na paredes descascada consigo um espaço pra gravar as iniciais G e J, o que deu trabalho pra encontrar em meios a tantas outras gravações como centenas de palavrões, datas aleatórias e riscos  feito por alguns prisioneiros como uma forma de contar os dias que passam por aqui, acho que eles acabam desistindo depois de algumas semanas, depois de certo tempo você percebe que não importa mais quanto tempo você está encarcerado, a única coisa que importa é tentar sobreviver um dia de cada vez.

-Você não é de falar muito né, garoto? - Um dos meu companheiro de cela fica me encarando, um senhor de idade talvez uns sessenta anos,  gente boa para um prisioneiro. 

-Isso acontece quando não tenho nada a dizer, sabe? -Rebato.

- Garoto, garoto, garoto! Conheço o seu tipo, criança metido a badboy no colegial, cheio de marra, só toma cuidado que aqui o negócio e bem diferente. -O mesmo tenta me alertar.

- Se o senhor diz. - Dou de ombro.

-Qual o seu crime garoto? assaltou uma loja de bebidas com os amigos?

-Nenhum, sou inocente. -Digo e ouço gargalhadas que soava do velho.

-É o que todos aqui dizem, jovem.

-E o senhor está aqui por que? Deixa-me adivinhar, pedofilia ou algo do tipo? Tem cara de ser aqueles velhos tarados passando a mão em crianças indefesas no parque, acertei?

- Na verdade matei alguém... um filho da puta bêbado que atropelou o meu filho enquanto andava de bicicleta na calçada e fugiu, um dia o encontrei o desgraçado e atirei na cabeça dele e lá se foi minha carreira de policial, meu filho tinha 5 anos de idade. 

-Sinto muito pelo seu filho. -Eu podia sentir dor em seu olhar cansado e envelhecido.

-20 anos de experiencia posso te dizer que... ou você se adepta as regras daqui ou vai acabar na enfermaria e até no necrotério.

-Regras... tipo... não deixar o sabonete cair? -Digo em tom de deboche.

- O que acontece quando você abaixa pra pegar o sabonete garoto, é o menor dos seus problemas.

O velho tinha razão, quanto mais eu ficava nesse lugar, percebia o quanto isso era verdade... acabar virando "mulherzinha de bandido" é o menor dos meus problemas. Aqui não existe amizades, ou você tem aliados ou tem inimigos.

Regras de ouro numa prisão: durma o menos possível, não confie em ninguém. Alguns presos se sentem ameaçados se você o encara demais, mas ignora-los quando falam com você é cavar a própria cova.

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Essa é uma das visitas semanais da Giovanna, e ela nunca deixa de me surpreender. Ela está usando um vestido tão curto, certamente para me provocar, aliás hoje é dia de visita íntima e se ela está usando ele para me instigar, nem precisava porque eu estou pensando nisso a semana toda.... todos os meus pensamentos se voltam pra ela, e sair finalmente desse lugar onde estou injustamente. Tem a minha tia que vem me visitar sempre, a sua comida é incomparável com a daqui, e meu companheiro de cela também acha. Ele não tem ninguém por ele, então somos apenas nós dois.

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