Capítulo 13:A lição

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Lira.

Meu irmão finalmente acordou, mas ele não parecia bem, ele deveria estar tendo uma crise de abstinência, queria por queria que lhe entregasse as suas drogas, esse não era ele, eu tinha que fazer algo para ajuda-lo, interna-lo numa clínica de reabilitação era uma opção, mas ficamos tanto tempo presos num orfanato, como poderia colocá-lo em outra prisão, me veio na cabeça uma ideia, tal, essa fosse um pouco menos cruel, quando ele acabou de comer, o pedi um favor.

- Ou droga o detergente acabou, ei Enzo pode pegar um detergente la no porão pra mim por favor-Pedi torcendo que ele não notasse que fosse uma desculpa.

- Tá bem. -Disse concordando.

- Valeu. -Agradeci.

- Sinto muito por isso, eu te amo meu irmão. -Dito isso, fechei a porta com as chaves.

- O que está fazendo abre essa porta Lira. -Ele grita batendo varias vezes na porta.

Sim... o tranquei no porão, a porta era de aço,  bem forte e bem isolado, não teria risco de os vizinhos ouvirem seus gritos, mas eu ouvia, era preciso, mas me cortava o coração.

Havia perdido a conta de quanto tempo o deixei trancado. Num dia quando acordei, estava decidida a liberta-lo do porão, não poderia prende-lo pra sempre não é, destranquei a porta e desci a escada, ele estava sentado no colchonete encostado na parede com os cotovelos sobre o joelho e com as mãos na cabeça olhando pra baixo.

- Você vai me deixar sair? -Ele perguntou quando notou minha presença, seus olhos estavam cheios de água.

-A porta está aberta, vai...não vou te impedir. -Digo em tom de decepção.

-Obrigado, estou bem agora... te amo irmãzinha. -Ele disse e me deu um selo na bochecha e começou a subir as escadas.

-Ei, você não vai subir? -Ele diz parando e virando pra mim enquanto eu arrumava o colchonete e coberta.

- Depois. -Respondo.

Ele desceu novamente, venho até mim e começou a me ajudar a arrumar as coisas.

-Eu só queria meu irmão de volta, não me arrependo do que fiz. -Falo sem encarar seus olhos.

-Estou aqui. -Ele diz me olhando na esperança que eu o olhe também.

-Não, você não é meu irmão, aquele que eu vi a um ano atrás era...você não é. -Digo e subo o deixando sem palavras lá em baixo.

Subi as escadas e ele ficou lá parado sem reação, me fitando, não o tranquei de novo, sei que talvez minhas palavras foram muito duras, mas era como me sentia, e acho também que teve algum efeito sobre ele, os dias passaram e notei como ele mudou, não era o irmão perfeito, mas não queria que ele fosse, só queria que ele recuperasse sua verdadeira essência, só queria que voltasse a ser o mesmo de antes disso tudo acontecer.

Alguns dias depois...

-Enzo? Você tá ai? -Bato na porta do seu quarto.

-Estou... entra aí. -Ele grita.

-Desculpe, não sabia que estava se arrumando. -Digo vendo que ele estava no guarda-roupa pegando uma camiseta para vestir e vi sua costa nua cheia de cicatrizes.

-Não... tudo bem, vou ir comprar um carro, quer ir?

-hum?O que?

-Ta distraída é maninha, loja... comprar... um carro.

-É claro. -Respondo confusa.

-Que foi em? -Ele pára de mexer no guarda-roupa e me questiona.

-Essas marcas na sua costa... o que ouve? foi nas ruas? -Pergunto enfim.

-Não.

-No orfanato então? -Insisto.

-Não, não foi no orfanato, olha... vamos mudar de assunto ta legal-ele diz num tom alterado.

-Foi nosso pai... foi, não foi? A tal lição que ele falava tanto, qual era a lição?

-Acho que não venho aqui para isso ,o que você ia me falar,quer alguma coisa, fala logo.

-Quer saber deixa pra la.-Disse me virando para a saída.

- Uma desobediência,uma chicotada,é isso que trsnsforma um menino em um homem.-Ele disse me fazendo parar.

- Mais você nunca aprontava. -Digo me virando pra ele. -Era sempre eu a pestinha, espera... você levava a culpa por mim não levava?

- Ele ia te bater, eu não podia deixa-lo tocar em você. -Ele diz se sentando na cama cabisbaixo.

-Isso é minha culpa, fiz isso com você.-Digo me sentando ao seu lado.

- Ei... olha para mim, não é sua culpa ta me ouvindo? A culpa é tudo daquele canalha. -Ele diz .

- Sinto muito, me perdoa meu irmão.-Desabo em lágrimas.

- Não sinta.-Ele diz me abraçando. -o que você queria afinal de contas. -Ele diz me soltando e abrindo um meio sorriso.

- To pensando em fazer faculdade e queria saber se você pode ir comigo?

- Ai meu deus, chame a NASA. -Tirando uma com a minha cara.

- Sem graça, é serio.-Digo batendo em seu braço.

-Ai doeu...mas... vai firme, nada me faria mais feliz, a gente vai atrás do carro e ai eu te levo pode ser? -Ele sorri me fazendo sorrir também

-Essa não minha gente... não saia pra rua hoje, meu irmão está no volante-digo em deboche.

- Besta. -Ele resmunga.

- Besta ao quadrado. -Retribuo.

-Besta ao infinito. -Ele prossegue e me taca o travesseiro. -Vai lá pegar suas coisas, vai.-Continuou.

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