Capítulo 47: Luto

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Lira...

Eu sinto um vazio enorme dentro de mim, uma sensação estranha como se estivesse faltando um pedaço da minha vida, alguns meses atrás quase morri, fui encontrada na calçada da minha faculdade à beira da morte, esfaqueada, ninguém sabe dizer quem foi e muito menos o porque. Me perco em meus pensamentos enquanto observo minha cicatriz pelo espelho do banheiro.

— Lira?  — Meu irmão bate na porta do mesmo.

— Oi.  — Repondo.

—Você tem visita. — Ele me informa.

— Já tô descendo. —Digo.

— Ok, vou mandar embora. — Ele diz.

— Lorenzo!  — Abro a porta. — Nem pense em expulsar minha visita, tá ouvindo?! — Repreendo-o

— Perfeitamente, e ai como dormiu essa noite? O mesmo pesadelo?

— Sim. —Afirmo. Um dia depois do meu aniversário, venho tendo o mesmo pesadelo todas as noites. É uma construção abandonada, um edificio, começo a me aproximar do mesmo e tropeço em algo, caindo sobre uma poça enorme de sangue, esse sangue saía de um corpo estirado no chão, mas quando direcionava o olho para o rosto da pessoa, minha visão embaçava antes que eu pudesse identifica-lo e uma voz diz: "ele está morto" e acordo suando, chorando. — Desculpa você não aguenta mais acordar com meus gritos né? —Continuo.

— Se fosse ao contrario você faria o mesmo. — Ele soava compreensivo.

— Provavelmente eu continuaria dormindo. — Brinco. — Vai sair?- Pergunto reparando que ele estava arrumado até demais pro meu gosto.

— Eu te falei ontem, maninha.

- Você não falou, alias você nunca fala, só sai, não diz pra onde ou com quem. Enzo você ta envolvido com drogas de novo? olha nos meus olhos e responde. -Digo o encarando.

- Não Lira, eu não estou envolvido com drogas de novo. -Ele diz enquanto olha nos fundos dos meus olhos. - Eu só quero me divertir um pouco, não posso?

- Não se o jeito de ser divertir, acabe resultando com você tendo uma arma apontada pro seu peito e eu com um arma apontada pra minha cabeça.

- Isso não vai voltar acontecer, ta legal? - Ele me da um beijo na testa. -Te amo. - Ele diz esperando minha retribuição, mas me mantenho em silencio e desvio o olhar. - Ah! qual é Li, não faz isso comigo. - Mas continuo o ignorando. - Quer saber qual é a verdade? A verdade é que você colocou na cabeça que eu sou o cara morto dos seus pesadelos, mas esse cara não sou eu, nada vai acontecer comigo, mas deveria ser, assim não te causaria tanto problemas mais, não é mesmo?

- Enzo!

- Esquece, não deveria deixar sua visita te esperando, se é que já não foi embora. -Ele diz e sai batendo a porta do quarto.

Ele tem razão, eu não paro de imaginar, que meu pesadelo é algum tipo de premonição com ele, só de imaginar perde-lo. Meus olhos se enchem d'água, acabei ficando paranoica com isso, porém já faz tanto tempo que que os tenho, acho que se fosse para acontecer algo com Lorenzo, já teria acontecido.

Desci até a sala.

- Eu achei que seu irmão ia levar a porta junto, mas depois vi que ele só queria levar o asfalto mesmo. - Disse minha visita.

- Oi jace! - Saiu quase como um sussuro de tão baixo.

- Ei, você estava chorando? - O mesmo se aproxima preocupado.

- Foi um cisco que entrou no meu olho. - Minto.

- É to sabendo, o mesmo cisco que irritou seu irmão e o fez sair queimando o asfalto? conta outra, que essa já é manjada. Vocês brigaram não foi?

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