Capítulo 33: Repulsa

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Erick...

Eu fui bater à porta da casa de Lira para me desculpar, pela minha ex-namorada, ela achou que seria melhor não nos aproximarmos mais um do outro, não a julgo, depois da humilhação, acho que ela tem medo, eu entro no meu carro e noto que ela está me observando de sua porta, e acho que até eu sumir de vista ela continuou com seu olhar sobre mim, eu sei que não é isso que ela quer realmente, pois eu não quero. Ela parece não fazer a menor ideia o motivo de eu nunca mais ter aparecido na casa dela, a mãe dela teve um caso com meu pai e minha mãe nunca mais me deixou voltar para a casa dela e provavelmente os seus pais se separaram por esse motivo também. Sinceramente, não sei se a mãe dela é a culpada por destruir minha família ou se meu pai foi o culpado por destruir a dela, mas de uma coisa eu sei: o resultado foi Lira abandonada em um orfanato. 

Quando chego em casa, Tais chega de Uber logo atrás de mim.

-Então você foi se encontrar com aquela vaca? -Tais diz com um sorriso forçado. 

-Você me seguiu? -A perguntei já desconfiado da resposta.

-Sim, sou sua namorada afinal. 

-Ex-namorada, terminamos, se esqueceu? -Digo dando um longo suspiro.

-Bom... eu sei onde ela mora agora, então acho que continuamos sendo namorados sim. -Ela diz cinicamente e começa acariciar meu rosto.

-Você não ousaria... -Digo ríspido e tirando sua mão do meu rosto com desprezo.

-Sim ouso, então ou você volta comigo ou ela e o irmão dela vai caber numa forma de bolo, e quem sabe não cabe um espaço pra sua mãezinha nessa forma também.

-Sua ordinária. 

-Não... palavra errada, a palavra certa é namorada.

-Tudo bem então, "minha namorada". -Digo fazendo gestos com a mão em forma de aspas nas palavras namorada. 

Que merda como essa garota mudou, sua mudança não é só física como também psicológica, me fazer uma chantagem dessas, que ódio que eu estava agora dela.

-Que tal me levar pra um lanchonete hoje? -Ela fala parecendo entusiasmada.

-Tá falando sério? Não né, só pode ser piada. -Digo.

-Claro que estou falando sério, vou me arrumar e nós já vamos tá amor? Te amo tanto. -Ela diz e me rouba um beijo.

-Você acha mesmo que fazendo isso vai conseguir me arrancar algum sentimento bom? Eu só consigo sentir raiva e repulsa de você. -Digo com cara de nojo limpando a minha boca com as costas da mãos. 

-Ai amor, eu sei que você me ama. -Ela diz convicta de estar certa.

Onde fui me meter, que droga, Tais não só se tornou uma pessoa perigosa, como também acho que ela enlouqueceu totalmente. 

Chegamos na lanchonete que fica alguns poucos minutos de nossa morada, quando tive uma bela e coincidente surpresa, eu avisto Lira, mais linda que nunca, droga tenho que me afastar pelo bem dela, mas ela não me ajuda, muito pelo ao contrário parece até que me persegue, ela faz um gesto com cabeça para indicar que queria falar comigo.

-O que foi amor? -Tais me pergunta quase  me pegando com o olhar em, pode se dizer... rival?

-Eu vou no banheiro. Por que? Não posso também?

-Claro amor, eu vou pedindo enquanto isso. 

-Tanto faz. -Respondo.

Eu me levantei e fui para o corredor ao encontro de Lira.

-Achei que você tinha terminado com ela. -A mesma me intima.

-E eu tinha, também o que te interessa dama de ferro, você não falou que devíamos nos afastar? -A Confronto. 

-Não me interessa mesmo, mas infelizmente preciso conversar uma coisa muito urgente com você. -Ela continua.

-Então fala oras. -Digo esperando que ela vá direto ao assunto.

-Não aqui. -Ela  responde.

-Ok, me encontre nas Ruínas Willou, amanhã ás 9:00 da manhã,  quando Tais ainda está no colégio. -Peço.

-Que diacho de lugar é esse? -Ela me indaga.

-Descubra dama de ferro, você não é a Sabe-tudo? -Eu digo em tom de deboche.

Eu saí e voltei para mesa, sei que voltei a ser aquele estúpido, mas é melhor assim, isso me dói, mas vai manter Lira segura, a salva e de preferência inteira.

Lira...

Erick atendeu ao meu chamado, ele estava tão ríspido, grosso e irritante comigo novamente, uma hora atencioso, a melhor pessoa do mundo, outrora um brutamontes, que ódio quando ele se refere a mim como dama de ferro.

Eu não queria conversar com ele aqui, pois minha conversa seria longa e a "ex-namorada-atual" dele ia desconfiar se ele demorasse muito, ele me deu um nome de onde poderíamos nos encontrar, mas eu não tinha a menor ideia de onde ficava.

-E ai miga já deu uns amassos nele. -Mayra chega por trás de mim me assustando.

-Que susto,  quer me matar do coração? -Digo. - E ele voltou com a namorada dele. -Informo.

-Dá pra ver tão claro como água que ele está com ela por obrigação, mas e ai,  falou com ele?

-Ele disse pra nós nos encontramos em um lugar... é ruínas will ou william, sei-lá.

-Ah! Ruínas Willow, eu te levo até lá.

- Às nove da manhã. -Lhe informo. 

-Tão cedo é? Acho dá tempo de voltar atrás né amiga?

-Nem pensar me ofereceu carona, agora vai ter que me levar. -Respondo cruzando meus braços, fazendo cara de reprovação.

-ok, ok.- Ela aceita resmungando. 

-Muito obrigada. -Agradeço.

Mayra me ofereceu para eu ficar na salinha de câmera enquanto os  pombinhos permaneciam na lanchonete, ela tinha razão, ele parecia estar sendo obrigado a estar com ela ao menos ali na lanchonete, o tempo todo desviando o olhar e sempre com cara fechada, eu não deveria estar espionando pelas câmera de segurança, isso é muito errado mesmo, mas o que podia fazer, se eu não conseguia evitar.

-Enter... -Mayra entra na sala com uma bandejinha e um copo com algo.

-Hã?

-A tecla para dar mais zoom é o botão enter. -Ela continua

-E pra que vou querer dar zoom? - Digo me fazendo de desentendida.

-Que ideia tola a minha né? Bom, achei que você poderia estar com fome e lhe trouxe esse salgado e esse suco de laranja.

-Estou faminta mesmo. - Concordo.

Depois de torturantes e demorados sessenta minutos, finalmente aqueles dois se ausentaram, achei que eu teria que pousar ali mesmo na salinha.  Mayra me levou para casa de volta.

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