Capítulo 50: Condenado ao silêncio

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Lira...

Abri a porta que saia do terraço e comecei a descer as escadas.

- Ei, que cara de assustada é essa? Tudo bem?

Ander estava subindo as escadas com um caderno nas mãos.

- Não, você não pode estar aqui. Impossível.

- Como assim? Eu fui pegar isso pra te mostrar, demorei porque não estava achando. - Ele me encara confuso.

- Mas eu vi você lá em cima, você estava...

- Eu estava? -

- Na beirada do prédio. - Eu conto-o

- Vamos lá averiguar isso, porque acho que eu ainda não adquiri o dom de estar em dois lugares ao mesmo tempo. - Sinto um tom de deboche em sua voz.

- Isso não tem graça, Ander.

Então retornamos para o terraço e realmente não havia nem um ser vivo lá, e acho que nem um ser morto também, andei mais próximo à beira do prédio, eu tinha que verificar, mas lá em embaixo também não havia ninguém espatifado no chão.

- Ei Lira, sai daí, é perigoso. - Ander diz me puxando pelos braços.

- Mas era tão real! - Digo sem entender nada.

- Acredito que você viu algo, mas não era eu, esse aqui agora na sua frente sou eu, entendeu?

- Sim, entendi. - Respondo.

-Mas me diga... o suposto "eu" te disse alguma coisa?

- Não, nada, ficou parado olhando para baixo. - Menti. - Mas o que você foi buscar para me mostrar, afinal?

- Isto aqui. - Disse me mostrando um caderno. -O caderno de desenho do meu irmão.

- Falando nisso, acho que eu não sei o nome dele desde o tempo que a gente se conheceu.

- Já te falei centenas de vezes.

- Não, não falou.

- É Erick, mas queria te mostrar isso aqui.

Então ele me mostrou um desenho.

- Ele também desenhou o edifício?

- Sim, uma noite antes da queda dele?

Eu vi um outro desenho que não me era estranho, sim um senhor velho semelhante ao que surgiu no reflexo do espelho.

-Espera, quem é esse?

-Meu bisavô. Porque?

-Tenho quase certeza que foi ele que apareceu para mim no banheiro e acho que já vi ele em algum outro lugar.

Ander virou uma outra folha, nessa, havia um desenho de uma garota.

- Giovanna?!

-Voce já a viu?

- Namorada de um amigo meu, Jace.

- Não faço a menor ideia de quem sejam.

- Ander, posso te perguntar uma coisa?

- Pode. - Ele concorda.

- Você estava lá no edifício com seu irmão no dia do ocorrido?

- Eu disse que ninguém sabe o que houve com ele, se eu estivesse lá acho que saberia, você não acha? Espera... Está insinuando que eu tenho algo haver com isso? - Ele disse com a voz meio alterada.

O edifícioOnde histórias criam vida. Descubra agora