Capítulo 12:Aprisionado outra vez

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Lorenzo...

Se passou muitos meses, não sei quantos, meus dias estavam só piorando, as drogas se tonaram minha água e comida, era raro quando eu comia, como pude me deixar virar isso, tudo começa com um pouco disso... um pouco daquilo, você começa a usar pra relaxar, mas depois vira uma necessidade, você usa pra viver, mas como viver... Se isso vai te matando aos poucos sem você perceber.

O que minha irmã pensaria se me visse assim, sinto saudade dela, mas não quero que ela me veja assim, sou uma decepção pra ela, a melhor opção é acabar com isso de uma vez por toda,sei que ela ficará melhor sem mim, pensei,  pronto pra cortar meu pescoço com um estilete que guardava em meu bolso, mas algo me fez parar, alguém gritava um pouco longe dali, alguém precisava de ajuda, corri para lá e peguei o primeira coisa que vi no chão, um homem tentava abusar de uma moça não pensei duas vezes e o aceitei com o pedaço de pau o derrubando com o impacto.

Não podia acreditar no que meus olhos viam, era alucinação, não seria a primeira vez,eu vivia tendo alucinações, Lira, minha irmã, como era bom vê-la, me senti tão bem e feliz de momento, mas depois imaginei o como ela deveria estar decepcionada me vendo o lixo que me tornei, ela queria me ajudar mas, eu não poderia dar trabalho pra ela, quando ela mais precisou de mim, eu a abandonei, como pude, eu ergui a mão pra bater nela assim como nossa mãe fez quando ela era apenas uma garotinha, eu quase fiz a mesma coisa porque saio fora do controle, as vezes uma raiva me invade, então consigo me controlar com um esforço vindo não sei de onde.

Finalmente chegamos na casa que ela comprou, era linda, fico feliz por ela.

-Você pode tomar um banho aqui, enquanto vou fazer algo pra você comer, você deve estar faminto. -Ela me diz mostrando o banheiro e saindo do quarto logo depois.

Eu acenei com a cabeça em um gesto positivo, um banho seria muito bom, mas eu precisava de uma dose, só mais uma, mas alguém entrou no quarto, não...Não pode ser meu pai, como ele me achou? Ele começou a mexer nos meus bolsos e o empurrei com força, querendo me levar pra tomar banho de água fria com o chicote na mão... como eu o odiava.

Eu não me lembro de nada depois disso, acordei na minha cama limpo e de banho tomado, e vi minha mão machucada, pensei... ai meu Deus, será que a machuquei, mas eu não bati nela ou bati? estava tudo tão confuso, eu não me perdoaria se a ferisse.

Fui até a cozinha beber água, não me sentia bem, poderia ser fome talvez, quando a vi fazendo um lanche, ela parecia intacta sem aparentes machucados.

-Bom dia. -Ela me complementa com um sorriso no rosto.

-Bom dia,o que houve ontem? -A indago.

-Você não se lembra de nada?

-Um pouco, mas minha memoria está confusa. -Respondi.

Por um momento ela olhou para minha mão e eu tinha que saber.

-Eu não toquei em você toquei?

-Ah ,não, não claro que não,só no meu espelho, mas acho que ele supera, rs, ou talvez não, mas vem, senta aqui... to fazendo um lanche pra gente.

-desculpa pelo espelho.-Digo lamentando enquanto me sentava.

-Eu não gostava dele mesmo. -Ela sorri, me fazendo sorrir também.

-Mas você está bem? -Ela perguntou ao notar como eu estava.

Eu tremia, sentia muito frio, mas estava febril,  eu não conseguia respirar direito, sentia meu coração bater muito rápido, eu não estava bem, mas tentava disfarçar ao máximo, talvez fosse fome, um lanche poderia ajudar.

-Estou bem sim, mas o que você fez com minhas coisas?

-Suas porcarias você quiz dizer, eu joguei no lixo.

-O que? Não você não fez isso, eu preciso das minhas coisas,só um pouco prometo.

-Não...você não precisa. -Ela me repreendeu.

Sim eu precisava, desesperadamente, tudo piorou muito quando minha irmã me trancou no porão, ela não tinha esse direito, eu podia sentir como se fosse morrer, ela me levava comida e água, mas não era isso que eu precisava.

-Li... por favor, não faz isso comigo.-Eu a implorava.

-Eu estou te salvando, você faria o mesmo por mim. -Ela respondeu, podia ouvi-la chorar.

-Por favor, eu vou me controlar, juro, por favor. -Implorei mais.

-Você vai ficar bem. -Ela me responde e depois não ouvia mais nem seu choro, acho que ela havia saído de perto da porta.

Perdi as contas de quanto tempo fiquei ali, mas foram muitos dias talvez semanas, eu fiquei magoado com minha irmã, sei que ela fez porque me ama, acho que isso me ajudou, porque não tinha vontade de usar minhas drogas, mas será que minha irmã acreditaria em mim? Eu só queria sair dali.

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