Capítulo 23: Não se pode mudar o passado

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  Erick.

Desde o dia em que eu falei com aquele senhor, tudo parece estar piorando, cada fibra do meu corpo pede por sangue, por carne e por morte, a raiva toma conta de mim quase que o tempo todo, tinha medo de acabar ferindo inocentes. 

Olhar para as pessoas ao meu redor gera um desconforto enorme em mim, para cada uma delas, sinto uma sensação diferente, como se pudesse sentir o mesmo que elas sentem, quando elas estão tristes, felizes, com raiva ou medo, entre outros tipo de sentimentos. Ai, talvez me digam, isso qualquer um sabe, só de olharmos uns para os outros, mas não do jeito que eu sei, porque o que elas sentem , eu sinto o mesmo naquele momento,  como se eu estivesse no lugar delas e imagens que a motivaram a se sentir de tal maneira surgem em minha mente. Por exemplo? Uma moça que passou por mim agora entrando numa farmarcia, eu sinto que ela está muito preocupada e assim, eu sinto-me preocupado também, imagens de um garotinho de uns dez anos talvez, seu cabelo estava completamente raspado, há também um hospital, talvez seja seu filho que esteja internado, uma lágrima cai por meus olhos e eu imediatamente as  enxugo para que não notem.

Acho que isso significa que uma parte de mim ainda é humana. 

Eu saio para dar uma volta para respirar um pouco, mas isso me sufoca mais ainda, lugares aglomerados, são uma verdadeira tortura, meus pensamentos giram em minha cabeça, e penso a cada momento; E se.... eu perder o controle aqui nesse mercadinho? Mesmo assim eu adentro para comprar algo para beber, minha boca estava seca, vou até a geladeira e pego uma Sprite de 360 ml e começo a seguir para o caixa. 

-Me desculpe rapaz. -Um homem passa trombando em mim, interrompendo meus passos. 

-Tudo bem. -Digo. 

Uma sensação ruim venho a minha mente, raiva e ansiedade, imagens: ele em, o que parecia ser um quarto, pegando uma arma que está em uma  gaveta, era como um quebra-cabeça onde eu tinha que juntar as peças, para descobrir qual era a intenção dele. 

-Me passa o dinheiro do caixa agora. -Ele sacou uma arma para a recepcionista do caixa.

-Por favor, pelo amor de Deus, não moço, não me machuca. -A recepcionista implorava por sua vida.

- Cala a boca, eu só quero o dinheiro, vamos logo, e o cofre, que tem a chave em? -Ele diz com medo e nervoso ao mesmo tempo.

Um segurança armado venho aparta-lo mandando que largasse a sua arma, mas ao invés de se render, ele se virou para o mesmo, e acabou disparando em sua direçao, porém acabou acertando uma cliente que estava grávida, exatamente no centro da testa dela, ouve-se muita gritaria, o homem saiu correndo e a moça provavelmente estaria morta, com tanto sangue, que até lambuzara o chão e ainda continuava a jorrar. Eu vi que ele faria algo ruim e não tentei evitar, fecho os meus olhos me lamentando e quando abro... 

...Noto que estou no estacionamento novamente, pensei, talvez não havia acontecido, talvez fora apenas uma assustadora previsão, mas parecia tão real, vejo a moça preoculpada com o seu  provável filho internado, exatamente a mesma moça, o mesmo sentimento, as mesmas imagens, alguém tromba em mim de novo. 

-Me desculpe rapaz. -Percebi que era o mesmo tal homem nervoso e ansioso. 

Parece que de algum jeito eu havia previsto o futuro, mas se foi só isso, e talvez nem cheguei a entrar no estabelecimento ainda, o que eu estou fazendo com a garrafinha de Sprite na minha mão? Eu não tinha a resposta para nada disso, mas sei que isso deveria significar que eu tinha que fazer algo. 

-Ei você... -Digo largando a garrafa de refrigerante no chão, me aproximo  do meliante, o ataco, lhe socando várias vezes com toda minha raiva e força, ele saca sua arma que estava escondida na cintura e a dispara  em direção ao meu estômago, acho que ele errou. O segurança venho apartar, mas o cara foge a pé, corri atrás dele, na rua havia um carro que se locomovia devagar para entrar no estacionamento, ele entra na frente do mesmo, fazendo com que o motorista pare, ameaçando o com o revólver, abre a porta e o puxa de maneira bruta e estúpida o derrubando no chão,  entrou no carro e saiu cantando pneu, porém já no começo de sua tentativa de fuga eu pude ouvir um estrondo, ele havia atropelado alguém que foi jogado para cima com a força do impacto e atingindo o solo já sem vida.

-Não. -Eu grito, sentindo raiva ao ver quem ele atropelou alguém que eu reconheci imediatamente, era mesma moça grávida. 

Continuei  indo em direção aquele filho de uma mãe  e consegui alcançá-lo, pois por sorte, ele ainda estava atrapalhado com o carro, eu tinha que ser ágil, se acaso ele conseguisse se locomover, eu obviamente jamais o alcançaria dessa vez, não a pé.

-Ei, seu desgraçado. -Grito, abrindo a sua porta e lhe pegando pelo colarinho, puxando o para fora. 

-Mas... Eu atirei em você. -Ele afirma  com um olhar confuso e assustado. 

-Mas errou, seu cretino. -Digo. -Agora você vai pagar pelo que fez -lhe  olhava com ira.

-Desculpe eu não queria machucar ninguém, eu preciso muito desse dinheiro cara. -O homem tenta se justificar e chora ao mesmo tempo.

-Dane-se, eu não me importo nem um pouco. -Digo desdenhando totalmente o seu falso teatrinho.

Dei-lhe uma chave de braço, lhe fazendo desmaiar e adentrei rapidamente no carro que ele havia tentado roubar, o levei para longe das vistas humanas. Andamos por alguns quilômetros, adentrei por uma mata, ele estava quase acordando, eu tinha que ser rápido.

Ele foi minha primeira vítima, eu dilacerei seu pescoço com vontade, não senti remorso, o mataria mil vezes se fosse possível, acho que o tal velho tinha razão, quando disse que eu mataria, mas vamos convir que esse canalha mereceu. Mas algo me  deixou encasquetado, enquanto ele se engasgava com o próprio sangue, antes dele morrer, ele conseguiu pronunciar as palavras"meu filho". Não compreendia porque ele disse isso, eu não era o filho dele , nem o conhecia, acho que o cara estava tão louco e transtornado que estava achando que eu era o filho dele, duvido muito que ele se lembrasse do que comeu no almoço, tão pouco o que estava dizendo, dizem que, quando se está a beira da morte, tudo pode acontecer, desde alucinações até ver sua vida passando como em  um filme diante dos seus olhos.

Eu continuei ali por alguns minutos admirando aquele escroto, confesso que eu sentia uma paz tão grande em meu interior de vê-lo ali do jeito que merecia estar: Morto.

Mas me bateu uma dúvida: O que eu faria  com o corpo, talvez eu devesse enterrar, mas eu não tinha nenhuma pá, deixaria ali para apodrecer ao relento? Meus pensamentos são interrompidos por uma voz, e duvido que seja a voz da minha consciência, seja quem for, conseguiu chegar atrás de mim sem eu ter ouvido seus passos.

-Dúvidas sobre o que fazer com sua primeira vítima? -Ele havia me perguntado e fez com que eu já me virasse em posição de ataque.

-Você? Mais é muita cara de pau para uma pessoa só. 

-Achei que ficaria tão feliz em me ver.

-Não consegue ver a felicidade estampada no meu rosto. -Dou um sorriso forçado.

-Eu tenho a solução pra isso aí. -Disse apontando para o morto.

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