Capítulo 39: Quem é vivo sempre aparece.

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Quando finalmente cheguei em casa, tentei passar o mais invisível possível e chegar até meu quarto sem ser notada, eu não queria ter de ficar explicando os motivos do meu choro para meu irmão, mas a bendita da porta não colaborou comigo.

  -Ué! Maninha? Já voltou? -Ouço a voz de Lorenzo que acabara de sair da cozinha com uma colher na mão. -Nem vem que eu não vou te dar o meu brigadeiro em.

 -Tá bom. - Eu sussurro ainda virada de costas evitando me virar para ele, não queria que me visse chorando.

-Lira? Está tudo bem? Ei, olha aqui pra mim. -Ele me intima.

Eu me viro vagarosamente olhando para o chão e ele se aproxima de mim.

-Ei, você está chorando. O que aconteceu? -Meu irmão diz erguendo o meu rosto. -Eu divido o meu brigadeiro com você, não precisa chorar. -Ele solta uma brincadeira para tentar me fazer sorrir.

-Enzo por que tudo parece dar sempre errado para mim? -Digo e o abraço o mais forte que pude.

-Eu queria ter uma resposta pra isso, mas não tenho, mas uma coisa eu te digo minha irmã, eu te amo e eu estou aqui com você para o que der e vier. -Ele me abraça forte também . -E…  o brigadeiro ainda está de pé. -Ele brinca novamente e agora eu solto um leve riso.

-Não quero,  mesmo assim obrigada. -Eu recuso o brigadeiro e lhe agradeço.

-Se quiser conversar sobre o que houve, estou aqui. 

-Obrigada, estou cansada, vou subir para o meu quarto. -Digo cabisbaixa.

-Ok. -Ouço-o falar quando eu já estava de costas subindo os primeiros degraus que davam para o andar superior onde se encontra meu quarto.

Lorenzo…

  As vezes me esqueço o quanto essa casa é grande e solitária, com minha irmã estudando a tarde, fico sozinho  por aqui, me vem à mente a ideia de fazer algo gostoso para comer.

-Já sei, brigadeiro. -Falei a mim mesmo enquanto mexia na dispensa.

É a única coisa que eu sei fazer muito bem. Eu até faço outras coisas pra ajudar a não sobrecarregar minha irmã, mas não sai tão bom quanto quando ela cozinha.

Finalmente após alguns minutos o meu brigadeiro estava pronto.

-Ah garoto,  mas isso aqui ficou Top. -Digo lambendo a colher.

Ouço um barulho na sala, alguém havia entrado, só poderia ser Lira, mas era para ela estar na faculdade.

Ela está chorando e algo me diz que meu brigadeiro não vai conseguir adoçar a vida dela. Odeio vê-la assim, quando ela era pequena era mais fácil protegê-la, o únicos monstros eram nossos pais, agora ela cresceu e todo tipo de monstro está lá fora e não sei se posso salvá-la de tantos assim.

 Lira subiu para o seu quarto. Para recusar brigadeiro, só pode ter acontecido algo de muito ruim, mas ela se recusava a me dizer, nós conversamos sobre tudo, mas um tempo pra cá ela parece que esconde tudo de mim.

Havia se passado uma semanas, Lira estava faltando às aulas e quase não comia.

-Ei não vai almoçar? - A indago, quando ela passa por mim, enquanto estou a mesa almoçando.

-Só essa duas maçãs. -Ela diz pegando as frutas da cesta, de repente o nosso telefone fixo que fica na sala toca.

-Diga que não estou. -Ela me pede.

-Ela mandou eu dizer que ela não está. -Repito suas ordens..

-Muito obrigada mesmo Enzo, valeu pela ajuda.

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