Lira...
-Ei Lira, vai comer isso? -Uma garota que sempre implicava comigo perguntou se aproximando da mesa que eu estava almoçando.
-Sim vou. -Respondi a encarando.
-Não, não vai não. -Ela insinuou cuspindo dentro do meu prato.
-Sua otária. -Xingo e me levanto num movimento brusco para a enfrentar.
-Ops... Acho que alguém vai continuar com fome até de tarde. -Ela diz fazendo cara de pena para mim.
Que droga eu não aguentava mais, e pensar que meu irmão estava livre dali e eu não.
-Ei Lira, seu irmão esta ai pra te ver.-Alguém me avisa.
-Já vou indo. -Dito isso, sigo até a sala de visitas.
-E ai maninha? -Meu irmão perguntou.
-Enzo me tira daqui, por favor,não aguento mais. -Implorei o abraçando forte e desabando em lagrimas.
-Ei aguenta firme ta legal,você consegue, falta um ano e meio ainda.-Ele me consola retribui o meu abraço.
-Eu acho que não dá. -Falei enxugando meu rosto.
-Dá sim você é uma Symons ou não é?
-Sim sou uma Symons e é por isso que estou aqui. -Respondo.
-Hum... tenho novidade para dizer a você. -Ele fala mudando de assunto.
-Qual? -Pergunto bastante curiosa.
-Eu pedi a Emily em namoro e ela aceitou. -Ele diz todo entusiasmado.
-Meus pêsames pra ela. -Digo zombando dele.
-Ei, ela é uma garota de sorte ouviu?.-Ele me responde com cara de tacho.
-Sim eu tenho certeza disso. -Falo séria e firme,mas com um meio sorriso.
-Como foi seu dia hoje? -Ele diz me retribuindo com um meio sorriso também.
-Com fome até a hora da janta, porque uma otária decidiu cuspir na minha comida.
-E por que você não tacou a bandeja na cabeça dela?
-Ah sei-lá, acho que fiquei com dó.
-Dó?
-Dó da bandeja.
-Você é boazinha demais tem que se defender mana, não deixe elas fazerem o que quer com você não.
A hora da visita era realmente bem curta, quinze minutos no máximo, nós mal conseguíamos conversar direito.
-Eu tenho que ir, mas amanhã eu volto, fica bem, te amo maninha. -Ele me diz.
-Te amo mais. -Retribuo.
Eu dei um abraço no meu irmão e voltei para meu intervalo e ele foi embora,o que me dava forças era o fato dele ir todos os dias me ver, se não,acho que não aguentaria.
Se passaram mais seis meses, entediantes e torturantes mais seis meses, faltariam um ano agora pra sair desse inferno, era de manhã quando o diretor venho me chamar no quarto pra comparecer a sua sala, não entendia o porque,Ágata, a otária que sempre implicava comigo estava lá também toda ensopada.
-Ágata disse que você jogou uma balde de água nela. -Me informou o diretor.
-Mentira, eu não fiz nada disso. -Tentei me defender.
-Bom... ela está toda encharcada, e ela tem duas testemunha.
-Testemunha? Mas sou inocente. -Insisto em minha defesa.
-Ágata... pode sair, e você... senhorita Symons, pode continuar por aqui mesmo. -Ele diz me fitando muito sério.
-Já disse que não molhei ela diretor.
-Não quero saber, se ajoelhe e conte até trezentos e é bom ser rápida se não... Não terá tempo para a visita com teu irmão.
Ele me fez me ajoelhar nos milhos, por algo que não fiz, quando terminei finalmente de contar, eu não me aguentava de dor, nem conseguia me levantar sem ajuda, meus joelhos doíam muito.
-Ei Li, venha, te ajudo, sua visita já chegou. -Disse umas das minhas professoras, que era bem legal comigo.
Ela me levou até a sala de visita e eu andava com muita dificuldade.
-Ei Li,você está bem? O que houve?-Meu irmão perguntou se aproximando pra me ajudar.
-Milhos, você sabe né?
-E, quem você espancou maninha?
-Uma garota disse pro diretor que joguei água nela.
-Isso não pode, vou falar com o diretor agora mesmo.
-Não Enzo não precisa, isso só vai piorar.
-Esta bem, só porque não quero piorar a situação para você aqui.
-Valeu mesmo.-Agradeço.
-Trouxe isso pra você. -Ele diz me entregando uma pequena sacolinha.
Abri a sacola e dentro havia algo embrulhado em papel alumínio, então peguei o conteúdo e comecei a desembrulhar.
-Cachorro-quente, eu te abraçaria agora se conseguisse me levantar obrigada mesmo. -Digo com um sorriso de orelha á orelha.
-Pensei que poderia estar com fome.-Ele diz.
-Você pensou certo.Ei,está parecendo triste, tudo bem? -O questiono avaliando o seu olhar.
-Claro que estou. -Ele responde dando um suspiro e direcionando seu olhar para baixo.
-Não você não está, eu te conheço, olha para mim, diga o que está acontecendo.
-Emily terminou comigo, acho que achou alguém melhor que eu, sei-lá. -Me conta virando seu olhar para meu rosto.
-Não é verdade, ninguém pode ser melhor que você, mas e ai onde vai morar agora?
-Ah...é... na casa de uns amigos que conheci vou ficar bem, sério. -Ele responde atropelando algumas palavras.
Eu sentia que ele mentia pra mim, mas resolvi deixa-lo pensar que acreditei, confirmei que nada estava bem, quando os dias iam passando e Lorenzo não aparecia pra me ver, nem uma visita, nenhuma ligação, isso me deixava preocupada, não ter notícias, e não me deixavam ligar para ele, isso era tortura demais, os dias passaram muito lentamente, e eu sabia... um ano pareceria uma eternidade.
Oito anos depois...
Finalmente um ano se passou, aquele bendito mais um ano que faltava para minha tão esperada liberdade, sim era meu aniversário, eu seria de maior, e o presente: Minha carta de euforia.
A primeira coisa que fiz foi procurar meu irmão.
Não havia nenhum rastro dele, liguei para hospitais, necrotérios e até delegacias, mas nada até que uma noite, passei por uma viela e havia alguém enrolado em um cobertor deitado no chão de costas, só via o cabelo que parecia do meu irmão que agora já estava grande e depois que ele não precisava mais raspar.
-Ei Enzo, é você? -Perguntei tocando a pessoa.
Que tolice a minha, pensei, e se fosse alguém perigoso, mas já estava feito.
-Ola querida, como vai você? -Me diz, se levantando e se aproximando de mim, para me abraçar.
Parece que nossa Lira enfim encontrou seu irmão....ou será que não?
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O edifício
Mystery / ThrillerLira Symons e seu irmão Lorenzo são filhos de pais extremamente ricos, mas como dinheiro não traz felicidade, nem tudo é mar de rosas nessa família, e quando eles crescem não fica muito diferente de quando eram crianças. Um acidente faz com que su...