Capítulo Cinco

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Jorge Viana

Pisco meus olhos algumas vezes, me sentindo incomodado pelas luzes do quarto e demora alguns segundos até que eu possa ver algo realmente. Aos poucos minha visão vai entrando em foco e passo meus olhos ao meu redor, logo encontrando a figura do doutor Leonardo.

- Jorge, fico feliz que tenha acordado. - Ele sorri e se aproxima mais da cama. - Sente alguma coisa?

- Minha cabeça está latejando um pouco, mas não sinto meu corpo muito bem. - Falo com a voz um pouco mais rouca pela falta de uso.

- Isso é normal por causa da anestesia. Você dormiu bastante, praticamente um dia inteiro depois do transplante. - Ele diz e pega uma lanterna pequena no bolso do jaleco, usando em mim em seguida para checar meus sinais.

- Isso não é ruim? - Pergunto, mas ele nega e ri um pouco.

- Não, como já disse... Seu organismo está fraco e precisa se recuperar, ainda mais agora com o novo tratamento. - Ele responde e assinto diante suas palavras.

- Meu irmão está bem? - Pergunto, agora um pouco preocupado.

- Está sim, o procedimento não é algo agressivo e ele já recebeu alta. - Ele responde e se afasta de mim em seguida.

Meus olhos percorrem o rosto do médico por alguns segundos, mas logo desvio eles, olhando para a parede. Por que ele traz algo estranho para dentro de mim e me sinto nervoso a cada segundo?

- Bem, eu já vou indo... Qualquer coisa é só me chamar. - Ele diz e chega a dar alguns passos até a saída, mas minha voz o faz parar.

- Não! - Falo apressado e sinto minha garganta doer pelo esforço em minha voz.

- O que foi? Está sentindo alguma coisa? - Ele pergunta preocupado e se aproxima mais, o que me faz sentir culpado.

- Não, desculpa! Eu... Eu queria pedir uma coisa. - Falo um pouco apreensivo e sinto seus olhos me analisar.

- Pode pedir, se estiver ao meu alcance, é claro. - Ele sorri e sinto meu estômago gelar com esse gesto.

Respiro fundo e tento ajeitar meu corpo melhor na cama, mesmo que eu ainda não sinta muita coisa.

- O senhor sabe que eu tenho um filho. - Começo e vejo ele fazer uma careta. - O que? Eu disse algo errado? - Pergunto com medo e ele assente, o que me faz ficar ainda mais nervoso.

- É só não me chamar mais de senhor e estamos bem. - Ele diz e isso me faz suspirar aliviado.

- Meu Deus, não me assusta assim mais... Por favor. - Falo e consigo até sorrir um pouco.

- Você até sorriu, então isso é bom. - Doutor Leornardo fala e isso me deixa meio que sem fala. - Mas continuando... O que quer me pedir?

Demoro alguns segundos para me situar novamente e sinto meu rosto queimar de vergonha pelo meu momento de idiotice.

- Ahn... Como eu estava dizendo, eu tenho um filho. Gustavo só tem um ano e três meses e nós jamais ficamos tanto tempo separados. Eu sei que aqui não é lugar para uma criança, ainda mais ele que possui alguns problemas de saúde, mas... Será que ele pode me visitar uma vez na semana pelo menos? Eu não faço ideia de quanto tempo vou ficar aqui e muito menos se vou conseguir sair daqui realmente. - Falo tudo em um único fôlego e seus olhos se prendem aos meus.

Leonardo não me diz nada por alguns minutos e apenas o observo se sentar na beirada da cama. Seus olhos me analisam e isso me deixa cada vez mais ansioso e nervoso.

- Ok, vamos lá! - Ele diz e junta as mãos em cima da perna direita. - Esse seu pessimismo estragou totalmente o seu pedido.

- O que? - Pergunto confuso.

Permita-se Amar - (Mpreg) | Spin-off Do Livro "Coração de Aço"Onde histórias criam vida. Descubra agora