Leonardo Monteiro
Sinto o corpo de Jorge cair sobre o meu no sofá e isso me assusta de uma forma, que fico paralisado por alguns segundos. Sinto sua pele ficando fria em contato com a minha e isso me traz de volta à realidade, o que me faz deita-lo no sofá. Vejo que sua face está mais pálida que o normal e ao checar seus batimentos cardíacos, sinto que eles estão acelerados.
- Pai, o senhor pode ir dirigindo até o hospital? - Pergunto, enquanto pego o corpo inerte em meus braços.
- Claro, vamos! - Ele responde e pelo seu tom de voz, parece assustado.
Eu me esqueço de completamente tudo e saio com Jorge para fora de casa, seguindo em passos apressados até meu carro. Meu pai abre a porta traseira para mim e coloco o corpo de Jorge deitado. Me sento no banco de trás junto com ele e coloco sua cabeça em meu colo.
- Vai rápido, ele está tendo uma crise de pânico e o coração está acelerado. - Falo um pouco desesperado e acabo elevando meu tom de voz.
Mas meu pai não parece ligar com isso e acelera o carro como eu peço. Minha mente está em um total branco enquanto seguimos para o hospital mais próximo e eu só peço a Deus que nada aconteça com ele.
Eu não entendi muito bem o que houve, já que em um momento estava tudo bem, e no outro aconteceu tudo isso. Mas agora não é o momento de tentar entender e sim salvar a vida do meu namorado.
Não presto atenção no caminho, mas me sinto aliviado quando meu pai me avisa que chegamos. Não é o hospital onde trabalho, mas isso não faz diferença no momento. Abro à porta do carro e pego Jorge novamente em meus braços, correndo com ele para dentro. Assim que entro na recepção, grito por algum médico ou enfermeiro e tenho sorte ao que uma médica vem correndo em minha direção junto com mais dois médicos.
- O que houve? - Ela pergunta quando coloco Jorge na maca e checa rapidamente seus sinais vitais.
- Crise de pânico, o coração está muito acelerado. Eu sou médico também, mas ele é meu namorado e eu... - Explico, mas não comigo terminar.
- Tudo bem, nós assumimos daqui. - Ela responde e em seguida vejo eles saindo correndo com ele para dentro das portas duplas.
Solto um suspiro e de repente sinto minhas pernas bambas, o que me faz andar de forma lenta até encostar em uma parede e então eu me abaixo, colocando as mãos em meus joelhos. Meu coração está louco em meu peito e não consigo raciocinar direito, pois quando Jorge está envolvido eu perco a noção.
Acabo me sentando no chão da recepção e levo minhas mãos até meu rosto, esfregando o mesmo para ver se eu volto a pensar direito. No momento eu só consigo ser grato por saber que Gustavo não estava com a gente, teria sido horrível para ele ver o pai daquela forma. Se pra mim já foi terrível, imagina para uma criança.
- Toma! - Me assusto um pouco com meu pai, mas pego o copo de água que ele me oferece.
- Obrigado! - Agradeço, assim que termino de beber toda a água no copo descartável.
- Isso acontece com frequência? Essas crises dele? - Meu pai pergunta e noto preocupação em sua voz.
- Não, só teve uma vez até hoje e está ligado a momentos traumáticos da vida dele. - Falo e isso me faz parar um pouco para raciocinar. - Pai, qual a chance de Fabrício ter alguma coisa a ver com isso? - Pergunto e sinto meu sangue ferver com a possibilidade.
- Seu tio é um crápula, mas... - Ele começa e eu o interrompo.
- Estava tudo bem, pai... Mas foi só ele chegar e Jorge ouvir sua voz, que meu namorado começou a passar mal. - Falo e vejo confusão em seus olhos.
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Permita-se Amar - (Mpreg) | Spin-off Do Livro "Coração de Aço"
RomanceQuando se passa a vida toda servindo apenas como um objeto sexual é difícil de acreditar que um dia possa ser amado de verdade. E é exatamente esse pensamento que se passa na cabeça de Jorge. Um homem que teve sua adolescência roubada para a prostit...