Capítulo Quatro

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Jorge Viana

Lucio é meu irmão perdido? Aquele que eu acreditei todos os dias da minha vida estar morto? Deus, como isso é possível?

Sinto minha cabeça girar e dar um nó com essa informação. As palavras do médico ecoam por minha cabeça e não sei como raciocinar. Como eu pude ir de encontro a minha única família viva?

- Tem certeza de que esse exame está certo? - Escuto a voz de Apolo perguntar e abro meus olhos se focam no médico, analisando suas expressões.

Doutor Leonardo nos olha por um momento e assente, mas eu ainda não posso acreditar que tudo isso seja possível.

- Sim, nosso laboratório nunca errou um laudo. - Ele diz e fica em silêncio por alguns segundos. - Vou deixar vocês a sós por alguns minutos e volto em meia hora para começar o tratamento com Jorge. - Ele avisa e eu não tenho qualquer reação, a não ser o ver sair pela porta.

Ninguém diz absolutamente nada e meus olhos vão até Lucio. Ele deve estar odiando tudo isso.

- Eu vou tomar um café, vocês precisam conversar. - Apolo diz e lança um olhar para o namorado antes de sair.

Ele não diz nada e mantém seus olhos fixos no chão, talvez esteja tão confuso quanto eu. Fecho meus olhos por alguns segundos, tentando por minhas ideias em ordem e solto um suspiro.

- Como isso é possível? Você não tem pais? - Pergunto a primeira coisa que me vem à cabeça e ele então me olha.

- Eu sou adotado e meus pais morreram faz alguns anos. - Ele responde desnorteado.

Vejo às lágrimas caírem por seu rosto e sinto meu peito se apertar. Não queria trazer essa confusão para a vida dele, ainda mais uma pessoa que está me ajudando tanto.

- Eu sinto muito por isso. - Sussurro com a voz embargada e sinto meus olhos arderem pelas lágrimas presas.

Lucio nega com à cabeça e se levanta da poltrona, vindo até mim. Sem dizer nada, ele passa os braços ao meu redor e me abraço com força. Sinto às lágrimas descerem de uma só vez e o abraço na mesma intensidade.

É surreal tudo isso, mas sinto meu coração feliz ao saber que meu irmão está vivo. E nesse momento eu só queria que minha mãe também estivesse viva para poder ter seu filho em seus braços pelo menos uma única vez.

- Não sinta, eu estou feliz. - Ele diz após alguns segundos e se afasta um pouco para poder me olhar.

- Está? - Pergunto incerto, mas há um sorriso pequeno se abrindo em meu rosto.

- Sim! Desde que descobri ser adotado, eu tinha um desejo dentro de mim de saber quem era a minha verdadeira família. E estou feliz que Deus tenha me mandado você e Gustavo... Vocês são minha família agora, mesmo que isso ainda seja confuso. - Ele diz e vejo novas lágrimas descerem por seu rosto.

Sinto meu coração se aquecer, pois é muito bom saber que ele se sente feliz também.

- Obrigado! Nossa mãe estaria tão feliz se pudesse te ver agora. Ela passou a vida querendo te encontrar, mas já havíamos perdido as esperanças. Isso é muito surreal. - Falo com um suspiro e ouço ele rir.

- Eu queria ter te conhecido antes, talvez sua vida pudesse ter sido diferente. - Ele diz, ficando mais triste e isso me faz negar. Meu passado não pode ser mudado e eu já me acostumei com isso.

- Eu já fico feliz pela sua ter sido diferente. Cada um de nós temos nossas dores, Lucio, mas também há as recompensas e estou tendo a minha agora. - Falo com a voz embargada. - Eu pensei estar sozinho nessa vida quando nossa mãe se foi, mas por algum motivo eu não me deixei abater. Me mantive forte por todos esses anos e agora entendo o porquê, era porque nós tínhamos que nos encontrar e fico feliz que seja agora. - Sou sincero em minhas palavras, pois não quero jamais que ele se sinta culpado por nossos destinos diferentes.

Permita-se Amar - (Mpreg) | Spin-off Do Livro "Coração de Aço"Onde histórias criam vida. Descubra agora