Capítulo Doze

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Jorge Viana

De uma maneira estranha e diferente, eu me sinto seguro nos braços de Leonardo. Me sinto acolhido de uma forma inexplicável e isso me deixa confuso, ao mesmo que também com um pouquinho de medo. Eu nunca me apaixonei na vida, mas agora, depois que conheci esse homem, eu não posso mais entender os sentimentos crescentes dentro de mim, o que não é nada bom.

Me afasto dele aos poucos, sentindo falta de seus braços quando já estou totalmente longe. Abro um sorriso pequeno e me levanto da cama em seguida, junto com ele.

- Nos vemos em breve, então. - Ele diz e passa a mão pela nuca, como se estivesse nervoso. - Qualquer coisa não hesite em me chamar, ok?

- Pode deixar, doutor. - Falo e ele solta um suspiro.

- Só... Tome cuidado. - Ele pede com a voz calma e concordo com um aceno.

Nós dois seguimos para fora do quarto e ele me ajuda, levando minha bolsa, já que meus braços estão ocupados com as flores que ganhei hoje. Lucio nos nota rapidamente e me lança um sorriso malicioso, o qual eu prontamente ignoro. Já percebi que meu irmão é um pouco inconveniente às vezes.

- Ele já está mesmo liberado? - Lucio pergunta, querendo confirmar.

- Está sim, e como já disse a ele... Caso aconteça alguma coisa, não hesitem em me chamar. - Leonardo diz novamente e isso me faz sorrir por trás das flores que tampam parcialmente meu rosto.

- Pode deixar, mas creio que Jorge está muito melhor. - Meu irmão diz e eu concordo com um aceno, pois realmente me sinto melhor.

Sei que não estou curado, ainda há um caminho a percorrer, mas também não me sinto à beira da morte como estava antes. Pela primeira vez desde que descobri a doença, eu me sinto com esperanças de que vou vencer tudo isso.

A conversa não tem uma continuação, pois nos despedimos de Leonardo e fico até um pouco envergonhado com a intensidade do olhar que ele lança para mim. Minhas pernas ficam até um pouco bambas e agradeço por Lucio ter seu braço entrelaçado ao meu.

Mas respiro fundo e sigo até a recepção do hospital, onde assino minha alta e então estou liberado para ir embora. No carro Lucio me faz algumas perguntas inconvenientes, já que recebi flores do meu médico, mas trato de me desviar de todas. Afinal de contas, nem mesmo eu sei porque recebi essas flores... Ainda mais rosas... VERMELHAS!

Minha mente vagueia um pouco por esse fato, mas esqueço tudo quando chegamos ao apartamento de Lucio e Apolo. Fico inquieto enquanto subimos pelo elevador e meu coração fica cada vez mais acelerado em meu peito. E assim que a porta se abre e nós seguimos o corredor até à porta de madeira do apartamento, eu não me importo com mais nada.

Sigo em passos apressados até o quarto de hóspedes em que eu dormi algumas noites e assim que paro em frente ao mesmo, que tem a porta parcialmente aberta, sinto as lágrimas voltarem a cair por meu rosto. Gustavo está deitado no centro da cama, dormindo tranquilamente enquanto seu pequeno peito sobe e desce conforme sua respiração.

Entro no quarto e então deixo minhas flores sobre a poltrona, seguindo em passos lentos até à cama. Tiro meus sapatos e me deito ao lado do meu filho, admirando ele em silêncio.

Mesmo que Lucio tenha levado ele duas vezes para me ver, isso não diminuiu minha saudade, pois foi um mês longe, quando antes eu jamais passei um minuto sequer sem meu filho. Mas eu sei que tudo foi por uma causa melhor e somente isso que me deu forças para continuar.

Solto um suspiro e com calma, deixo meu dedo indicador traçar seu rostinho. Me deixa tão feliz saber que Gustavo se parece apenas comigo e não com o homem que foi responsável por colocar ele dentro de mim. Com certeza eu amaria meu filho de qualquer forma, mas é bom ver que seus traços não carregam aquela maldade.

Permita-se Amar - (Mpreg) | Spin-off Do Livro "Coração de Aço"Onde histórias criam vida. Descubra agora