Capítulo Trinta e Um

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Jorge Viana

Vou despertando aos poucos e sinto minha cabeça latejar, o que me faz suspirar. Abro meus olhos lentamente e minha visão vai se aperfeiçoando conforme os segundos passam. Olho ao redor e estranho não encontrar Leonardo, mas sim Lucio ao meu lado.

- Que bom que acordou. - Meu irmão sorri para mim e deixa um beijo em minha bochecha.

- Onde está o Léo? - Pergunto e minha voz sai mais rouca que o normal.

- Ele deu uma saída, por isso me pediu para ficar aqui com você. Que susto, hein? Quase pirei quando ele me contou. - Ele diz suspirando e me sinto um pouco culpado por isso.

- Me desculpe, não queria preocupar ninguém. - Peço e ele faz uma careta desgostosa.

- A culpa não é sua, Jorge... Não fale bobagens. - Ele diz sério e sinto sua mão se entrelaçar a minha. - Mas quero que tome mais cuidado, acho que é uma boa ideia procurar um psicólogo. Não faz bem carregar tudo sozinho. - Lucio fala e sei que tem razão.

- Eu sei. - Falo e solto um suspiro profundo.

Desvio meus olhos para o teto e tento não pensar no episódio de mais cedo, mas é algo impossível. Estar novamente frente à frente com o homem que foi o primeiro em minha vida de prostituição foi horrível. Tudo voltou como um soco em minha cara e eu não consegui me controlar, pois foi naquele dia que minha vida acabou pela primeira vez.

- O que aconteceu, maninho? - Lucio pergunta com calma, mas eu posso sentir a preocupação em sua voz.

Sinto meus olhos arderem novamente pelas lágrimas que voltam a se acumular, mas respiro fundo e me recuso a chorar outra vez. Volto a olhar para o meu irmão e penso de devo ou não falar, pois isso me mata por dentro. Apesar de tudo eu ainda sinto vergonha  pelo meu passado e isso jamais vai mudar, mesmo todos me dizendo que a culpa jamais foi minha.

- Nós iríamos jantar na casa dos pais de Léo, já que a mãe dele queria uma nova chance. - Falo e aperto sua mão, buscando por forças para seguir a falar. - Estava tudo até bem, mas então o tio dele chegou... E esse homem foi o meu primeiro cliente, quando eu tinha quinze anos. - Conto e minha voz sai quase um sussurro na última parte.

- Meu Deus! Eu sinto muito. - Ele diz desnorteado e se inclina em minha direção, me abraçando.

Me agarro ao meu irmão e me sinto tão grato por tê-lo em minha vida. Eu sei que independente da situação ele estará ao meu lado, me amando e me apoiando.

- E o Léo? - Ele pergunta curioso e se afasta de mim.

- Quando eu contei ele disse apenas que me amava. Confesso que antes eu sentia muito medo dele me rejeitar, mas depois que nós conversamos e ele se declarou para mim, eu sei que ele não vai me deixar pelo meu passado. Ele me ama pelo que eu sou. - Falo emocionado e meu irmão sorri.

- Eu disse que você iria encontrar um homem maravilhoso e ele estava tão pertinho. - Ele diz rindo e eu concordo com um aceno.

Passo mais alguns minutos conversando com meu irmão e descubro que o dia já está quase amanhecendo. Uma médica aparece em meu quarto para me checar e quando estou quase pegando no sono novamente, a porta é aberta por Leonardo.

Meus olhos analisam meu namorado e percebo que ele não está mais com a mesma roupa de antes e seus cabelos estão húmidos, sinal de que tomou banho recentemente. E então todas as peças se encaixam em minha cabeça. E por mais que aquele homem mereça, eu jamais quero que Léo se suje por minha causa.

- Oi Sol! - Ele sorri e se aproxima da cama, se sentando do meu outro lado.

- Oi! - Respondo e automaticamente busco por sua mão, entrelaçando nossos dedos.

Permita-se Amar - (Mpreg) | Spin-off Do Livro "Coração de Aço"Onde histórias criam vida. Descubra agora