Capítulo Sete

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Leonardo Monteiro

Sinto meu corpo ficando cada vez mais próximo de Jorge, como se tivesse algum imã me puxando até ele e acabo inclinando meu rosto, enquanto nossos olhares se mantém conectados. O azul dos seus olhos parece me puxar cada vez mais, mas então eu me lembro de que isso é errado. Não podemos!

- Ahn... - Me afasto subitamente dele, respirando fundo em seguida. - Eu pedi para a Kate trazer seu jantar. - Falo e passo minha mão esquerda por meu pescoço, sentindo suor.

- Que gentil. - Jorge sorri sem graça e volta a se virar, para olhar a imagem à nossa frente.

"Porra Leonardo! Que merda você ia fazer?"

- Eu disse que iria te tirar do tédio... Então, temos esse lugar para explorar até às nove. - Falo e ele me olha. - Gosta de flores? - Pergunto curioso.

- Mas é claro! Eu sonhava com o dia em que ganharia um buquê de rosas. - Ele diz e noto seu rosto mais vermelho.

- Nunca teve ninguém que se importasse o suficiente. - Ele responde e isso me deixa incomodado por alguma razão.

- Você nunca ganhou e eu nunca dei flores a ninguém. - Falo rindo e então me afasto um passo para trás. - Vamos? Estou com fome.

- Vai comer comigo? Comida de hospital? - Jorge pergunta surpreso e solto uma risada por isso.

- Por que não? E bem, essa comida tem tempero... Pelo menos eu pedi um pouquinho, não posso fugir muito da sua dieta. Mesmo que você tenha comida panquecas hoje, não é? - Falo e vejo abrir a boca.

- O quê? Como você sabe? - Ele pergunta afobado e cerro meus olhos para ele.

- Ah, então é verdade? - Jogo e ele parece se engasgar com o ar.

"Ok, fiquei com dó agora."

- Relaxa, está tudo bem. Eu só senti o cheiro quando entrei no quarto. - Falo calmo e ele então respira normalmente.

"É até fofo o ver assim... Espera? Eu disse que ele é fofo? Que o meu PACIENTE é fofo?"

Respiro fundo e balanço minha cabeça, querendo afastar esses pensamentos confusos. Ando até o lugar em que Kate me ajudou a arrumar, que é uma mesinha em frente a um dos bancos de madeira disposto ali.

- É uma sopa, mas garanto... Ela está muito boa. Confesso que dei uma experimentada. - Sorrio para ele, que assente.

- Se você diz, eu vou acreditar. - Ele responde e aceita minha mão quando a estendo para ele.

E eu guardo apenas para mim a sensação estranha que sinto, desde o primeiro momento em que toquei nele.

Nós nos sentamos no banco de madeira e eu tiro a proteção da pequena travessa. Sirvo a nós dois com a sopa, que exala um bom cheiro.

- Nossa, isso está bom mesmo. - Ele diz, logo após tomar a primeira colherada de sopa.

- Eu disse. - Falo convencido e ele solta uma risada.

- Você estava certo, doutor. - Ele concorda e volta a comer.

Começo a comer também e coloco suco de laranja para nós dois. E enquanto nós comemos em silêncio, eu não posso deixar de analisar Jorge e cada mínimo detalhe.

Há algo nele que me faz querer descobrir mais, mesmo que eu saiba que isso seja perigoso para nós dois.

Se alguém me perguntar o porquê eu tive a ideia de o trazer aqui, eu digo com todas as letras... Não faço a mínima ideia. Eu apenas senti vontade de fazer isso, no momento em que vi ele triste em ver o filho ir embora. E eu sei que tudo isso é muito mais que errado, que eu não deveria estar dessa forma com ele.

Permita-se Amar - (Mpreg) | Spin-off Do Livro "Coração de Aço"Onde histórias criam vida. Descubra agora