Capítulo Quarenta e Nove

5.3K 635 138
                                    

Jorge Viana

Separo os vários presentes que Isaac ganhou no dia de hoje e sinto algo tão bom fazendo isso. Tudo isso é a prova de que finalmente toda a tormenta passou e o que resta agora é apenas alegria. Eu realmente poderia escrever um livro com todos os fatos que ocorreram em minha vida, desde a infância até os dias de hoje onde sou verdadeiramente feliz. Na verdade, a única coisa que me faz ter um pouco de tristeza é não ter minha mãe aqui comigo. Dona Alessa se daria bem com todos, principalmente Lucio... Eu vejo tanto do meu irmão nela, que isso aquece meu peito e aplaca um pouco a dor da ausência.

Confesso que em alguns momentos eu me sinto vivendo um sonho e tenho muito medo de acordar e me ver naquele lugar nojento novamente, mas então eu percebo que sim, tudo isso é real... Tudo isso é minha vida e não há mais nenhum mal a rondando. E não há mesmo.

O antigo clube de prostituição onde eu "trabalhava" foi denunciado por alguém e esses dias vi a notícia na TV de que todos os chefes do local foram presos e as pessoas que viviam lá liberadas.

Vanessa está presa pelo que fez a mim e Ricardo e tenho certeza que não sairá tão cedo da cadeia... Não depois de receber uma pena de quinze anos por tentativa de assassinato e ser internada em uma prisão psiquiátrica. Eu só sinto por Leonardo, que mesmo dizendo não se importar mais com ela eu sei que ele sente por tudo isso. Quem quer ver a mãe sendo louca e inconsequente? Absolutamente ninguém.

Fabrício também já não é mais um problema, desde que sumiu há alguns meses depois de ter seu nome envolvido em uma investigação dos federais. Pelo que Léo me contou, ele tinha e têm envolvimento com várias casas de prostituição e o lugar em que eu vivia era um desses. E tudo o que eu espero é que a vida se encarregue daquele senhor, que com certeza é um doente como a irmã.

E por fim eu estou bem e saudável. Há meses não tenho nenhum sinal de câncer em meu corpo e se Deus quiser eu vou permanecer dessa forma. Eu não desejo essa doença nem ao meu pior inimigo e sou imensamente grato pela chance que eu tive, pois sei que muitos não a tiveram.

- Ei! - Ouço a voz baixa ao pé do meu ouvido e meu corpo se arrepia por inteiro com a presença tão próxima de Léo. - No que tanto pensa? - Ele pergunta e se põe em minha frente, tirando o macacão que segurava de minhas mãos.

Estou sentado no chão do quarto, onde no futuro será de Isaac... Isaac, eu ainda nem parei para refletir que teremos outro garotinho em nossas vidas. Confesso que esperava que fosse uma garotinha, mas eu já amo meu bebê com todas as forças e nada me impede de tentar daqui mais uns anos, não?

- Em toda a minha vida. - Respondo a ele, que solta uma risadinha e se senta em minha frente, unindo nossas mãos.

- Profundo. - Ele diz e reviro meus olhos, rindo.

- Onde está Gustavo? - Pergunto e ele solta um bufo baixinho.

- Adivinha? - Ele pergunta, mas não me deixa responder. - Ricardo colocou na cabeça que precisa de uma criança para treinar, já que ele está decidido a adotar e meu pai embarcou nessa também. Nosso filho quase nem gosta dos avós malucos, então nem quis se despedir de você e quase que nem de mim. - Ele explica tudo com a maior indignação do mundo e eu solto uma risada.

Assim que acabou a festa do chá revelação, Ricardo e Paulo ficaram para arrumar a bagunça, o que eu não reclamei. Então deixei eles fazendo tudo e vim guardar os presentes ganho para Isaac, mas não imaginaria que eles fossem raptar meu filho.

- Me dê seu celular. - Peço a Léo, que não me questiona e entrega o aparelho.

Procuro na agenda e clico no contato "amigo/pai inconveniente". Solto uma risada ao ler isso e coloco o aparelho no viva-voz quando começa a chamar.

Permita-se Amar - (Mpreg) | Spin-off Do Livro "Coração de Aço"Onde histórias criam vida. Descubra agora