Capítulo Onze

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Leonardo Monteiro

Avalio mais uma vez os exames de Jorge e me sinto satisfeito por ver que sim, ele está ficando bom como eu imaginei. Eu sempre me importei em meus pacientes ficarem bem, não por uma questão de sentimentalismo por eles, mas sim porque era meu trabalho. Eu estudei para ser médico e salvar vidas e eu amo o que eu faço, mas antes de Jorge aparecer, nada foi tão importante pra mim. Com ele não é só apenas o trabalho, é muito mais que isso. Eu não quero nem pensar na possibilidade de falhar com ele e acontecer algo. E essa sensação não é nada boa, pois eu jamais foi dependente de algo ou alguém.

Solto um suspiro e deixo os exames sobre à mesa do meu escritório em casa e esfrego meus olhos, me sentindo cansado. Sinto meu estômago reclamar de fome e isso me faz soltar um bufo irritado, já que não tem nada em casa.

Me levanto da cadeira e apago as luzes, saindo da sala em seguida, no mesmo instante em que a campanhia toca. Não tenho a mínima vontade de receber ninguém nesse momento, mas forço minhas pernas até à porta e a abro em seguida, dando de cara com meu pai.

- Você está horrível! - Ele diz e passa por mim, carregando sacolas que pelo cheiro são de comida.

Amo mais um pouco ele agora... Com certeza amo!

- Obrigado pai! - Respondo com deboche e fecho a porta.

Vejo que ele colocou as sacolas na mesinha de centro, então eu apenas dou alguns passos e me jogo no sofá macio.

- Trouxe comida, sei que não sabe fritar um ovo sem por fogo na casa. Sabe, eu me pergunto como você sobrevive, porque assim... Metade do seu salário vai pra comida, já que não sabe fazer. - Meu pai diz e isso me faz resmungar, fechando meus olhos.

- Por isso eu faço minhas refeições no hospital quando estou lá e compro comida enlatada quando estou em casa, ou peço. Não se preocupe pai, meu salário está quase intacto... Minha conta ainda é gorda. - Falo com humor e ele revira os olhos.

- Você precisa aprender, acha que um homem ou mulher vão querer cozinhar pra você o resto da vida quando casar? - Ele pergunta indignado e segue até à cozinha.

- Quem disse que eu vou casar? - Pergunto, levantando meu tom de voz para ele me ouvir.

Escuto apenas sua risada e minutos depois, ele aparece com pratos, talheres e copos.

- Como é o nome do rapaz, mesmo? - Ele pergunta e levanto uma sobrancelha.

- O que tem o Jorge? - Pergunto contrariado e me coloco sentado no sofá, olhando para ele.

- Ora, ele é meu futuro genro... Falando nisso, me conte mais sobre ele. Já tomou sua decisão? Aliás, seu tempo já acabou há alguns dias, não? - Ele fala despreocupado, enquanto abre as embalagens de comida.

Olho sem acreditar para o meu pai e balanço minha cabeça negativamente. Não o respondo e também me sento no chão ao seu lado, me servindo de comida, já que são nove horas da noite e não comi quase nada hoje.

- Vai, não seja tímido... Conte ao seu pai. - Ele diz após um tempo e isso me faz bufar.

Ô homem insiste! Deus me livre!

- Decidi que quero ser amigo dele antes de qualquer coisa. Apesar de sentir algo diferente, eu não sei se estou pronto para algo além disso e não quero o machucar. - Falo de uma vez, já que sei que ele não vai me deixar em paz.

- Você está certo. E também, não há um bom relacionamento sem amizade e confiança... Conquiste essas duas coisas primeiro. - Ele diz e eu aceno, comendo um pouco da comida em meu prato.

Permita-se Amar - (Mpreg) | Spin-off Do Livro "Coração de Aço"Onde histórias criam vida. Descubra agora