Capítulo Dezesseis

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Jorge Viana

As mãos de Leonardo fazem uma pressão leve em minha cintura e isso me faz se entregar ainda mais ao beijo. Minhas mãos vão automaticamente para seu rosto, sentindo sua barba pinicar minha palma. Seus lábios contra os meus são doces e nosso beijo se aprofunda à medida que ganhamos confiança um no outro. Em Meu estômago parece que há milhões de borboletas, ou qualquer coisa que voa. E eu me sinto tão bem tendo ele junto de mim... Me sinto tão em paz e tudo parece tão certo.

Só que então eu me lembro de todo o meu passado e sei que não é justo Léo continuar me vendo como uma pessoa que eu não sou. Tenho certeza que ele vai me repugnar quando souber de tudo e eu prefiro apenas evitar... Porque não é justo.

Então com esses pensamentos, eu me afasto dele, interrompendo nosso beijo. Vejo confusão em seus olhos e então me levanto, correndo para longe. Eu não sei o que dá em mim, só sei que preciso estar longe e me recompor, mas então eu não consigo correr mais que alguns poucos metros, já que meus pulmões fracos não me ajudam.

Inclino meu corpo para frente, tentando recuperar o ar e minhas mãos vão até meus joelhos, buscando me sustentar. Meu coração bate tão rápido dentro de mim, que é possível que eu o ouça de tão rápido.

Não sei quanto tempo fico na mesma posição e me assusto quando sinto uma mão quente em minhas costas. Volto a me por em pé e então meus olhos se cruzam com o de Leonardo, que me olha totalmente confuso, preocupado e buscando por respostas.

- Por que está fugindo assim? - Ele pergunta, olhando em meus olhos e eu tenho que desviar o olhar.

- Esse beijo não poderia ter acontecido. - Falo, mesmo que essas palavras saiam amargas da minha boca.

- Só me diga um motivo. - Ele pede, mas eu fico em silêncio.

Nossos olhares voltam a se cruzar e eu me sinto um idiota por tudo isso, mas eu simplesmente não consigo fingir. Eu jamais poderia começar algo com Leonardo, mentindo para ele. E no momento eu sou um grande covarde por querer fugir ao enfrentar tudo.

- Olha, se é porque você é meu paciente, não se preocupe... Eu vou dar um jeito nisso. Você está ficando bom rápido e posso passar seu caso para um amigo meu, que também é muito bom. E nós nunca nos envolvemos enquanto você estava no hospital... Não há problemas. - Ele explica e meu peito se apertar ao vê-lo procurando uma saída para nós.

Sinto meus olhos arderem, mas seguro as lágrimas e tento ser firme.

- O problema não é esse, Léo... O problema sou eu. - Falo e ele demonstra ainda mais confusão.

- Como assim? Que problema há em você? - Ele questiona e se aproxima ainda mais.

Respiro fundo e tomo coragem para ao menos lhe dar uma boa explicação.

- Eu não sou a pessoa que você pensa, Leonardo. Há coisas muito ruins em meu passado e eu não posso começar nada com você em cima de uma mentira. - Falo e ele franze a testa.

- Então me conte a verdade. - Ele diz exasperado.

- Esse é o problema... Eu não tenho coragem. - Respondo e vejo sua expressão cair.

O silêncio fica ainda maior entre nós e eu desvio meu olhar, não aguentando olhar em seus olhos. Toda a alegria de minutos atrás foi embora e agora há um vazio em meu peito, que causa uma dor quase física em mim.

- Vamos embora, acho que não há mais clima. - Ele diz após um tempo e eu concordo com um aceno.

Seguimos em silêncio para fora do parque, em direção ao carro de Leonardo e nesse meio tempo ele me entrega o ursinho de pelúcia que ele havia me dado. A vontade de chorar se torna ainda mais grande e eu agarro o ursinho em meus braços, buscando algum conforto.

Permita-se Amar - (Mpreg) | Spin-off Do Livro "Coração de Aço"Onde histórias criam vida. Descubra agora