Capítulo Treze

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Jorge Viana

Alguns dias depois...

Paro de frente o espelho do quarto e meus olhos analisam minha imagem refletida no vidro. Se fosse há algumas semanas atrás, eu jamais suportaria olhar para mim mesmo, pois olhar para mim mesmo era horrível. Eu não me reconhecia. E apesar de ainda não estar o mesmo Jorge de antes, agora eu consigo olhar para mim mesmo e não sentir repulsa.

Eu acabei engordando cerca de cinco quilos nas últimas semanas, o que não é muito comparado ao que perdi, mas já deu uma diferença enorme. Meu rosto não está mais tão pálido com antes, meus lábios estão mais saudáveis e meus olhos possuem um brilho que não havia ali antes. Somente meus cabelos que não estão mais aqui, mas sei que com o tempo eles voltaram a crescer, já que a quimioterapia acabou e espero não ter que passar por isso novamente.

Ouço batidas na porta do quarto e ao me virar encontro Apolo com Gustavo no colo, sorrio para eles e me aproximo.

- Vamos? Lucio está esperando na sala. - Ele diz e afirmo com um aceno.

Gustavo nem liga para mim enquanto está curtindo o colo do tio e acho isso fofo. Apago as luzes do quarto e sigo eles até à sala de estar, onde Lucio já está esperando por nós.

Há alguns dias atrás Lucio insitiu em fazer algo para apresentar Gustavo e eu a toda a família Miller. No começo fiquei um pouco relutante com isso, mas acabei aceitando, pois querendo ou não eles fazem parte da vida do meu filho e não posso o privar de ter uma família além de mim.

- Tudo certo? - Lucio pergunta preocupado e sorrio para ele.

- Está sim, Lu. - Falo e ele assente.

Saímos de casa e então seguimos para à mansão Miller, que foi bastante mencionada em nossas conversas durante esses dias. O caminho é longo e acabo me distraindo com meus próprios pensamentos.

A única coisa que eu espero, é que essas pessoas não me achem um aproveitador, pois eu não faço questão de um centavo vindo deles. Só estou aceitando isso hoje por causa de Gustavo, nada mais que isso. Eu sustentei meu filho nas piores situações e sei que posso continuar fazendo o mesmo.

Meus pensamentos são deixados de lado quando Apolo estaciona o carro no pátio da casa, que é enorme... Uma verdadeira mansão. Automaticamente me sinto nervoso e aperto minhas mãos. Lucio é o primeiro a me lançar um olhar de conforto.

Saio do carro primeiro e pego Gustavo em meus braços, ajeitando sua roupinha que se amassou um pouco na cadeirinha. Ele deita a cabeça em meu ombro, se aconchegando em mim, o que me faz sorrir e beijar sua bochecha.

Espero por Apolo e Lucio, mas antes mesmo que possamos seguir até à casa, a grande porta é aberta e por ela se passa uma senhora. De alguma meus passos param e sinto meu estômago gelar ao olhar para ela.

- Eu não mordo, menino... Venha aqui! - Ela diz bem humorada e dá alguns passos em minha direção.

Não me sinto muito confiante comigo mesmo, mas trato de seguir até ela, que sorri com carinho para mim e isso faz meu lado diminuir um pouco.

- Esse é o nosso Gustavo? - Ela pergunta ansiosa e aponta para o bebê em meus braços.

E por um momento eu me sinto possessivo em relação ao meu filho. Ele é meu, não nosso. Mas ao invés de dizer qualquer coisa do gênero, eu apenas abro um sorriso e aceno.

Em um gesto mudo ela pede para o pagar e eu deixo, passando Gustavo para seus braços. Meu filho não estranha, já que ele gosta desse contato com as pessoas e então decide se gosta dela ou não. E parece que ele gostou da avó.

Permita-se Amar - (Mpreg) | Spin-off Do Livro "Coração de Aço"Onde histórias criam vida. Descubra agora