Capítulo Vinte

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Jorge Viana

Sinto a água espirrar contra meu rosto e a risada gostosa de Gustavo chega até meus ouvidos. Meu filho ri como se jogar água no pai fosse legal. Deus, o que eu estou ensinando a esse menino?

- Ah, é assim? - Pergunto e finjo uma expressão brava, mas ele ri ainda mais.

Balanço a cabeça em negação e pego o chuveirinho, jogando um pouco de água em seu rostinho. Gus se assusta no primeiro momento, tendo seus olhinhos arregalados e a pequena boca aberta, mas logo ele volta a rir e me abraça, me encharcando completamente. E é assim que terminamos mais um banho.

Saio do banheiro do meu quarto com Gustavo enrolado em sua toalha e o coloco em cima da minha cama, tendo sua roupa já separada ao lado. Troco meu filho com calma, brincando com ele a todo momento e isso me faz sentir paz.

Gustavo com certeza é a pessoa que mais me traz paz no mundo inteiro e a que eu mais amo também, assim como ele me ama. De todos os amores do mundo, eu tenho a plena convicção de que o dele é o mais puro e verdadeiro.

- Papai... Mama! - Ele diz quando termino de o trocar e isso me faz rir.

Por que essas crianças só lembram da gente nessas horas.

- Mama, é? Eu só sirvo para isso? É assim que me retribui todo o amor? - Finjo drama na voz e Gustavo me olha confuso por alguns segundos, colocando o indicador pequeno na boca.

Ainda tenho uma guerra de olhares com meu filho, até ele me vencer soltando uma gargalhada.

- É, só sirvo para isso! - Resmungo e pego ele em meus braços, deixando um beijo em sua testa.

Gustavo deita sua cabeça em meu ombro e sinto suas mãozinhas em minha cabeça, nos pequenos fios que começam a crescer novamente. Sigo com ele até à cozinha e pego sua mamadeira pronta na geladeira, esquentando ela no microondas em seguida. E assim que seu leite está pronto, eu me sento com ele no sofá, lhe dando a mamadeira. Sei que ele já consegue tomar seu leite sozinho, mas eu amo ter essa proximidade com ele. Não me faz sentir tanta culpa pelo tempo que passamos afastados um do outro.

Fico imerso em meu momento com Gustavo e só acordo quando escuto batidas na porta de casa. Por sorte Gus já terminou de mamar e o deixo no sofá, lhe dando alguns brinquedos que estão no chão. Deixo a mamadeira no balcão da cozinha e vou até à porta, a abrindo em seguida.

- Oi Jorgito, vim buscar meu maninho... Tenho altos planos para nós dois e Arthur. - Maju diz assim que me vê e isso me faz rir.

Já noitei que essa é a mais doidinha da família, superando Angie.

- Entra, vou pegar a bolsa que fiz para ele. Tem certeza que não tem problema cuidar dele? Não quero dar trabalho. - Falo, deixando espaço para ela passar por mim.

- Ah, para! Ficar com meu irmão não é incômodo, além do mais vó Emília ama passar um tempo com ele... Aproveitar o tempo perdido, sabe? - Ela sorri com carinho e assinto.

Deixo Maju com Gustavo na sala, que faz a maior festa ao ver a irmã. E me deixa feliz ver o quanto meu filho e eu fomos bem aceitos nessa família, coisa que eu achei não ser possível.

Volto minutos depois e entrego as coisas de Gustavo a ela. Me despeço do meu pequeno com um beijo na bochecha e então fico sozinho. Solto um suspiro e agora é a minha vez de me arrumar.

Ainda nem acredito que eu tenho uma possibilidade real de conseguir um emprego. Isso parece tão surreal, ainda mais sendo com algo que gosto. Eu nunca tive a oportunidade de me aprofundar na confeitaria, mas sempre tive amor pelos doces e quando sobrava dinheiro, eu sempre gostava de fazê-los. O que eu sei é o que eu aprendi com o tempo e espero ser bom e suficiente para que eu consiga esse trabalho, já que é uma oportunidade enorme para mim... Tanto para aprender e ser independente.

Permita-se Amar - (Mpreg) | Spin-off Do Livro "Coração de Aço"Onde histórias criam vida. Descubra agora