VIVIANE
Não é que elas me convenceram a ir no tal churrasco?! Não tive nem tempo de almoçar, só levantei, tomei banho e me arrumei mais ou menos. Até porque, nesse calor...
Botei uma roupa bem fresquinha, fiz um rabão de cavalo, engoli um pão seco, joguei um óculos na fuça pre disfarçar a care de ontem e saí de casa reclamando à beça.
Hellen: Para de falar, Viviane. Tá chatona.
Viviane: Quer que eu volte pra casa? Eu heeeein. Encheram o saco, agora aturem. — bufei. — E essa carona, chega nunca?
Thatiana: Ele já tá vindo, ali ó. — apontou e rapidinho parou um carro na nossa frente.
Entrei no banco de trás, dei boa tarde e recostei a cabeça no banco. Era só minha cama, pô.
Cheguei no churrasco e o lugar tava lotado. Eram, aproximadamente 25 mulheres pra cada 1 homem, a verdadeira jogação.
Fui andando atrás deles, até pararem com o aniversariante. E olha, como esse menino mudou, Deus meu.
Trocamos uma ideia rapidinho e eu logo sai, queria uma carne e um negócio gelado. Como gelado, só tinha cerveja, desceu assim mesmo, uma delícia.
Tava de cantinho, bem contida, um pratinho de carne na mão, a cara da necessidade. Não quis dividir com ninguém e elas ainda ficaram rindo de mim.
Viviane: Ué, nunca me viram? — dei língua. — Tô cheia de fome mermo, vocês não me deixaram almoçar.
Hellen: Só faltou o viado aqui, né mana?
Viviane: Ai, só ele mesmo. — comi mais um pouco de carne, tava delicinhq. — Thatiana, aproveita que tu não tá fazendo nada e busca uma cerveja pra mim lá, vai!
Thatiana: Por que tu não vai?
Viviane: Porque eu não queria nem estar aqui... — revirei os olhos e fui surpreendida pela presença do aniversariante.
Bala: Coé Vivi, tá ruim? — me enquadrou e eu neguei com a cabeça. — Então, por que tu não queria tá aqui?
Viviane: Tô cansada. Trabalhei a semana toda igual a uma escrava, saí ontem e não dormi direito, só por isso. — respondi e fiquei me perguntando mentalmente: "por que eu to dando satisfação pra esse cara?"
Bala: Tô ligado, fiquei até chateado, pô. — soltou um sorrisinho de canto e fez sinal pra alguém.
Logo um menino se aproximou da gente, acho que era o de ontem e ele pediu pra ele trazer cerveja pra nossa mesa, botar um balde e tudo mais. Olhei pra cara da Hellen e a cachorra tava segurando o riso.
Bala: Mas fala você... — passei a olhar pra ele. — Tu mudou muito, papo reto.
Viviane: Você também e eu nem sabia desse seu vulgo. — ri sem graça.
Bala: Tá ligado. O tempo passou rápido, a gente não se vê fez mó tempão e tu nunca foi de se misturar, chatinha a cabeça. — riu e eu revirei os olhos pra ele. — Papo reto. E teu namorado?
Viviane: Acerola? — dei risada.
Bala: Ele memo, po. Cadê? Tá em SP ainda?Viviane: Acho que tá, não tenho contato. — dei de ombros. Papo chato. Ex é ex, acabou.
Acabamos mudando de assunto, graças a Deus e até que tava maneiro, ele tava me contando da avó dele, que eu também não vejo há bastante tempo. Só lembro dela indo buscá-lo, quando ele fazia merda na escola, ou seja, quase todos os dias.
Bala: Vou te mentir não... — falou do nada e aproximou a boca do meu ouvido. — Tô mó afim de tu, será que dá pra resolver essa parada? — fiz com a cabeça que não, rindo. — Aqui não, hoje não ou nunca?
Viviane: Cê me dá muito opção, fiquei perdida...
Bala: Dá o papo, ué. — deu de ombros.
Viviane: Hoje não.
Bala: Já é, mas vou na sua direção, sempre que tiver oportunidade. — demos risada, eu assenti e ele continuou com a gente lá na mesa.
Tava geral entrosado, rindo a beça. Eu já tava até mais solta, quando uma doida chegou gritando pra caralho no meio da gente.
X: Isso que eu acho bonito, né Daniel? Tava comigo de noite e agora tá aí, cheio de piranha, cheio de puta em volta. É disso que você gosta, ficar com quem te dá valor você não quer.
Bala: Qual foi, Camila?! Tá com o diabo? Sai daqui, meu irmão. Vou sair de lógica contigo na frente de geral, entra numa não. — ele gritava, apontando o dedo na cara dela.
X: Tô, Daniel. Tô sim. Você é um filho da puta. Me deixa na merda pra ficar com essas putas. — não sei porquê, mas ela me olhou e na hora, fui dentro dela.
Viviane: Ai colega, com todo respeito, tem nenhuma puta aqui não e ninguém tá comendo teu marido. Mais respeito aí, te conheço como ninguém pra tu vir roncar pro nosso lado. — tava indo na dela e ele me encarando, quando o Jorginho segurou meu braço.
Jorginho: Ô cunhada, se envolve nesse bagulho não. Barulho deles é doideira, depois quem fica mal é você. — balancei o braço pra ele me soltar.
Viviane: Show, Jorginho. Mas aqui não tem maluco não, ela não me conhece. Vai ficar xingando a gente a troco de nada? — encarei ela. — NÃO FODE.
X: Ué Daniel, vai deixar vagabunda vir roncar pro meu lado?
Viviane: Vagabunda é quem te botou no mundo.
Bala: Sai fora daqui, Camila. Já te dei a ideia, sai. Sai! — meteu a mão no braço dela, agarrando com força e saiu levando ela pra longe.
X: Eu vou te encontrar por aí, po. Esse morro não é tão grande assim.
Viviane: Vem, mas vem sem medo. — mandei beijo e voltei a beber.
A essas horas todo mundo olhava pra gente, ou melhor, pra mim, né? Eu hein, bagulho de maluco.
Thatiana: Quem é essa e cadê a minha irmã?
Hellen: Tá com medo? Você ainda não viu nada... — deu risada.
Viviane: Vocês acham que eu fico mais em casa do que saio por quê? Eu sou bicho, não posso ficar muito tempo solta não.
Jorginho: Maluco! Deu até medo de você. — deu risada e encheu meu copo.