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Saí da casa do meu pai montada no ódio, andei até o final da rua em questão de segundos, pedindo a Deus pra encontrar um mototáxi e ir mais rápido ainda pra casa.

Mas como Deus não dorme, eu dei foi de cara com a minha mãe mesmo, que já veio logo pra cima de mim e eu saí.

Viviane: Não quero ter que fazer isso, mas se você me encostar, vou esquecer esse papo de que mãe é sagrada. — ela parou no mesmo minuto.

Minha mãe cansou de ir na escola assinar caderno de ocorrência meu, porque eu batia sem pena em todo mundo, todo mundo mesmo. Nunca tive medo de homem, de gente mais velha. Enfim...

Rose: Isso que você fez é um absurdo, Viviane. Você sabe que eu não tenho ninguém aqui. Pra onde eu vou só com a roupa do corpo?

Viviane: Corre lá na igreja e diz pro padre, pras feiras, pra moça da secretaria, pro missionário, sei lá pra quem, que você foi expulsa da sua casa porque é adúltera. Tenho certeza que eles vão te ajudar... — fiz sinal pra um menino do mototáxi e ele logo parou.

Subi na garupa, botei o capacete e dentro de segundos, já estava dentro da casa da minha avó.

Assim que entrei na cozinha, e pra minha sorte, o Daniel já estava lá. Os três me olharam, sentei na cadeira que estava encostada na parede e comecei a chorar.

Chorei pelas palavras da Thatiana, chorei porque lembrei de tudo que já passei com a minha mãe. Chorei por ter visto meu pai chorar. Chorei também por raiva do Acerola, por ele ter contando a história pra todo mundo. E sabe o que é pior? Eu não posso cobrar ele.

Eu não posso cobrar, porque sei que vai chegar pro Daniel de uma forma totalmente diferente e se eu falar pro Daniel que quero cobrar, ele vai bater aquela neurose de lei.

Osvaldo: Toma uma água, Viviá. — meu avô me entregou o copo e eu tomei um pouco.

Jandira: Quer falar o que houve?

Viviane: Contei pro meu pai que minha mãe trai ele.

Meus avós ficaram assustados, mas logo minha avó disse que já sabia, que já esperava e que não era pra eu me sentir culpada. Eu não tinha nada a ver com a situação, muito menos estava errada, eu fiz o certo e não importa o que vai acontecer daqui pra frente.

Osvaldo: Seu pai é um cara cabeça. Fica tranquila. Ele vai ser eternamente grato à você, por ter tirado essa pedra do sapato dele, pode apostar.

Ficamos mais algum tempo na cozinha, até eu subir pra tomar um banho.

Bala: Quer que eu fique aqui contigo?

Viviane: Não, amor. Vai com o meu avô, vai ser bom pra vocês. — sorri e dei um selinho nele.

Bala: Então, eu tô indo. Qualquer coisa tu me liga, já é? — fiz que sim com a cabeça e ele estava saindo.

Viviane: Ou? — parou na porta e ficou me olhando. — Se cuida, tá? Eu te amo.

Bala: Que? — negou com a cabeça. — Eu te amo mais, pode apostar.

Ele saiu do quarto e eu vesti meu pijama. Ainda não tinha nem anoitecido, mas eu ia tomar o mesmo remédio da minha avó e dormir igual. Tá maluco, não há corpo que aguente essa puxada que eu tô.

Desci e fiquei conversando com a minha avó poe um bom tempo, só conversa avançada, muito papo de futuro, muitas reflexões. A velha me botou pra pensar legal, tá? Ela não é de mais palavras.

Botei ela pra dormir, tomei metade do remédio dela, depois de convence-la e acabei dormindo na cama deles, igual criança. Apaguei de verdade!

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