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Voltou e deitou no meu canto, tentando se aninhar em mim, mas não rendi. Fiquei quietinha na minha...

Começou a passar o nariz pelo meu pescoço, me deixando um pouco arrepiada, segurando na minha cintura e começou a roçar o pau em mim.

Viviane: Tem como você parar? Eu quero ver minha série. — falei firme.

Bala: Qual foi, preta?! Vai me deixar assim?

Viviane: Vou.

Ele não disse mais nada, só virou pro outro lado e em poucos minutos, já estava roncando. Não tenho paciência pra esses shows que ele dá, muito sem fundamento.

Acordei com ele levantando pra ir trabalhar, disse que voltava mais tarde, me deu um beijo e se adiantou. Rolei mais um tempo na cama, mas não consegui voltar a dormir, então desci e acabei pegando um café fresquinho do meu avô.

Enquanto ele cuidava do jardim, minha avó e eu ficávamos conversando.

Jandira: Aconteceu alguma coisa? — fiz que sim com a cabeça. — Ciúme, né?

Viviane: Como a senhora sabe, vó?

Jandira: A idade nos deixa sábios, minha filha. Consigo ver no olhar dele, o medo que ele tem de te perder.

Viviane: Mas só faz merda e eu não fiz nada...

Jandira: Eu sei que você não fez nada, sei também que tem gente invejando demais a postura que ele tem nesse relacionamento de vocês.

Já logo arregalei o olho, sem saber como a minha avó sabia dessas coisas. Meu Deus!

Jandira: O Daniel quer uma vida com você, mas você não sabe se é isso que quer, porque tem medo e ele sente isso. Sem contar que o pior nisso tudo é que teu medo, trava ele e, com isso, ele acaba sem saber o que fazer. Pelo que vejo, ele não sabe lidar com isso, porque ele nunca sentiu algo assim, nem perto disso...

As palavras da minha avó ecoavam na minha cabeça, e ela não estava errada. Eu amo o Daniel, mas ainda tenho muito medo de me entregar em cem por cento. Eu tenho pavor de ser chacota de favela e, não conheço história nenhuma em que um casal foi feliz assim. Sempre escutei que é da natureza do crime, que traição é como se fosse uma lei entre eles...

Jandira: Não tenha medo de ser feliz. O teu passado não te serve mais... — segurou na minha mão. — E o dele, muito menos. Vou dizer pra você, a mesma coisa que disse pra ele ontem: não deixem que a inveja atrapalhe a história maravilhosa que vocês tem. Sejam sinceros um com o outro, que assim, ninguém vai ter o poder de atrapalhar vocês. Ninguém!

Acabamos mudando de assunto, quando meu avô terminou de cuidar do jardim.

Osvaldo: Tô com uma sensação estranha... Tem falado com o seu pai?

Viviane: Eu hein, vô. Tenho medo! Mas tem um tempo que não falo com ele...

Osvaldo: Liga pra ele e pede pra ele vir aqui em casa hoje? — confirmei com a cabeça e assim o fiz.

Mais tarde, depois do almoço, estávamos os quatro na sala. Eu deitada com a minha avó em um sofá, e o Dani com o meu avô nas poltronas tomando cerveja.

Do nada, meu pai chegou e pela cara dele já dava pra ver que as coisas não estavam muito bem.

Depois de um tempo, ele foi lá pra trás com o meu avô e nós três continuamos na sala, até a Hellen ligar, enchendo o saco pra brotar em baile.

Como já tem muito tempo que o Dani e eu não botamos a cara, acabei aceitando. Mesmo estando um pouco estranha com ele...

Bala: Tu quer comer alguma coisa antes de subir?

Ele já estava pronto, enquanto eu terminava a minha maquiagem. Sabia que eu estava puta, então, tentava de tudo pra agradar.

Viviane: Não, amor. Aquela pizza de cedo me deixou cheia... Mas você quer ir em algum lugar?

Bala: Eu não, po. Tô suave!

Não demorei muito pra terminar de me arrumar, ele grudou na minha cintura, ficou me encarando um tempo, encheu meu rosto de beijos e pediu pra tirarmos uma foto, parada que é raro ele fazer.

Chegamos no baile e fomos logo pro reservado, cumprimentei o pessoal que tava lá e fui pra perto da Hellen e da Fabi. O Dani ficou perto dos meninos, como de costume.

Comecei de leve com um copão, pra soltar o corpo e dar uma aquecida, enquanto botava as fofocas em dia com as garotas.

Certa hora, no auge do baile, eu já tava altinha e fui pro banheiro com as meninas. Na volta, passando pelo meio da galera, senti alguém segurando a minha mão e olhei pra trás pra ver quem era.

Acerola: Quanto tempo, pô. Não me conhece mais?

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