DIAS DEPOIS
Os dias passam e a angústia de não saber como ele está ou quando volta, me tortura. Eu tento não focar só nisso, mas é um pouco difícil, metade do meu dia é pensando nele.
Mas enfim, seguimos na luta, sabe? Meu sonho era que ele saísse disso e conseguíssemos ter uma vida tranquila, mas estou sonhando alto demais. A vida do Daniel é essa, ele está desde os 10 anos nesse meio. E sempre que tocamos no assunto, ele dá um jeito de sair e eu não insisto.
Cheguei do serviço moída hoje, o dia foi só estresse. Passei pelo mercado, comprei umas coisas e subi de mototáxi.
Fiz tudo o que tinha pra fazer, lavei banheiro, fiz comida, lavei roupa e fui pro meu banho. Quando a Hellen chegou lá em casa, pude escutar a voz la de cima. Fala alto pra caralho, sem modos.
Hellen: Inhai, lindona. Desamarra essa carinha que os meninos chegam hoje! — meu coração deu aquela aliviada.
Viviane: Puta que pariu, vou até relevar você atrapalhando meu banho.
Hellen: Só venho com notícias boas. — revirei os olhos. — Toma seu banho aí, que eu vou comer alguma coisa com meus avós la embaixo.
Viviane: Sai fora de seus avós, doida. — dei risada e fui pro meu banho.
Sempre que os meninos voltam de alguma missão bem-sucedida, eles fazem algo pra comemorar. Eu nunca vi gente beber tanto.
Então, a Hellen foi me buscar lá, pra gente subir. Tava toda boba porque tinha ganhado uma moto do Lobão.
Sentamos numa mesinha e eu pedi algo pra comer, porque ao contrário dela, eu não tinha comido em casa. Lancei logo um xtudo duplo com maionese temperada e barbecue, meu Jesus, eu amo.
Anne: Inhai meninas, estão sumidas, hein. — veio fazendo show, e eu já não tava muito boa com ela.
Hellen: Todo mundo trabalhando, né? Sem tempo de ficar desfilando na rua... — pela reposta, a Hellen também não tava muito satisfeita.
Anne: Cara! Vocês estão sabendo da novidade? — ela não se manca de jeito nenhum, puxou uma cadeira e sentou na nossa mesa.
Viviane: Qual? — nem olhei pra ela, continuei amassando meu hambúrguer.
Anne: Seu amor tá de volta. O Acerola... — olhou pra mim e eu só neguei com a cabeça. — Ah fala sério, todo mundo lembra como foi o término de vocês, Vivi. Vai dizer que não tá balançada?
Viviane: Nem um pouco, Anne. E não Tô entendendo legal esse teu papo... Quer fofoca?
Anne: Claro que não, po. Achei que tu ia ficar feliz...
Hellen: Achou errado, otário. — não aguentei e caí na risada com ela.
Anne: Eu sinto falta das minhas amigas, sabia? — fez cara de sentida. — Vocês mudaram muito.
Hellen: Ou será que foi você que mudou?
Anne: Lembra quando nós éramos grudadas?
Viviane: Anne, eu não quero ser chata, mas já passou um tempão, po.
Ela ia responder alguma coisa, quando foi interrompida pela voz do Dani. Puta que pariu! Como é bom ver o amor da minha vida.
Mais que rápido, levantei e me pendurei nele. Ficamos abraçados um tempão, coisa de louco essa saudades. Uma semana longe e parece que foram anos, Deus me livre.