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BALA

@: Ô Bala! — alguém entrou no escritório, interrompendo a nossa reunião.

Bala: Qual que é, Maurim? — respondi seco, já tava puto pra caralho com o que tava rolando.

Maurim: O pai da tua mulher, pô. Tá lá fora, falou que ela foi pro hospital.

Levantei na mesma hora, peguei minhas paradas e ia saindo da sala, quando um dos caras me chamou de volta.

Roberto: Tu vai aonde, Bala?

Bala: Atrás da minha dona, tá maluco. Meu filho vai nascer... — nem dei ideia pro que eles estavam falando mais.

Quando cheguei perto do Josué, ele já tava falando no telefone, chorando e os caralho.

Bala: Qual foi, Josué? — ele desligou o telefone.

Josué: Teu filho nasceu. Meu neto nasceu!! — os olhos dele brilhavam.

Eu não tive nem resposta pra dar, comecei a tremer e suar, coração acelerou na hora e a lágrima veio na borda do olho, até o telefone tocar outra vez.

Fiquei escaldadão quando o Josué saiu e começou a andar de um lado pro outro, coçando a cabeça. Na hora, já comecei a pensar em tudo quanto é parada ruim.

Ele voltou e não disse nada a respeito da ligação, só que era pra gente descer pra casa dos pais dele. Assenti, fiz um toque de mão com ele e subi na moto.

Chegando lá, tava geral nervoso, dona Jandira rezando no cantinho dela, e eu já como? Nervos à flor da pele.

Osvaldo: Filho, vem cá. — fez sinal pra mim, ele estava na porta do quartinho, onde ele guarda e cuida das parada dele.

Bala: Benção, vô.

Osvaldo: Meu pai lhe abençoe. A Viviá pediu pra eu conversar contigo, pra você não ficar tão nervoso. O Vinícius teve uma complicação ao nascer, porque foi um parto prematuro e ele vai precisar de muita oração. Por enquanto, ninguém pode ir lá, porque eles ainda estão fazendo os procedimentos com ele e a Viviá vai ter alta em 24h, já que foi parto normal.

Eu não consegui responder nada, fiquei olhando pra cara do vô Osvaldo, assenti e fui pra casa, sem me despedir de ninguém, sem falar nada. Tomei um banho, botei a porra do celular pra carregar e liguei pra minha mulher.

📱 Minha Dona 📱

"Fala comigo, amor."
"Oi preto." — ela já estava chorando.
"Qual foi?"
"Nada, nada."
"E precisa mentir agora?" — eu tentava o tempo todo, passar uma segurança pra ela.
"Eu não quero nem pensar o que vai ser de mim, se o Vinícius não resistir..."
"Ô preta, pensa nisso não, ele vai ficar forte, pô."
"Tomara. Vou esperar os médicos virem aqui no quarto e te ligo pra falar, vou dormi aqui hoje, né? Se não quiser ficar sozinho, fica na sua avó."
"Relaxa, minha preta. Vou fazer de tudo pra ir te buscar amanhã, já é?"
"Não quero você se arriscando não, Daniel."
"Corro qualquer risco por vocês dois."
"Eu te amo muito."
"Também te amo pra caralho, marrentinha. Agora, descansa aí e vê se para de chorar."
"Tá bom."

FIM DA LIGAÇÃO

Passei o resto do dia nervoso, andando de um lado pro outro nesse morro, resolvendo tudo quanto era coisa, só pra não pensar em coisa ruim e atrair, tá ligado?

Meu avô sempre me deu o papo de que a gente atrai as paradas que pensa muito. Então, já que eu não consigo pensar positivo, eu prefiro não pensar em nada.

Fui parar em casa já era 23h, tomei mais um banho e nem comi, só deitei, abracei o travesseiro dela e fui tentar dormir.

No meio da madrugada, acordei desesperado depois de um pesadelo. Fiquei com uma sensação ruim no peito, rolando de um lado pro outro na cama.

Quando eu era moleque e tinha pesadelo, minha avó vinha pra minha cama e rezava comigo. Mas tá ligado que eu nunca aprendi, né? Nunca acreditei, mas agora, acho que só isso pode me aliviar.

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