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BALA

Já acordei desesperado, quando a Viviane reclamou que não conseguia botar o pé no chão. O que essa mulher arrumou, mano?

Tentamos mais algumas vezes e ela não aguentava mesmo, tava chorando de dor e tudo mais. Fiquei preocupado pra caralho, chamei logo a Hellen e a Isabella pra elas verem qual era a ideia.

Nem fiquei muito perto, pra ela não ficar mais desesperada do que já estava. Ainda tinha festa pra rolar, mas chamei o pessoal e falei o que tinha acontecido.

Os parceiro que eu tinha chamado, que fecham comigo, ficaram de me fortalecer pra levar as paradas pro morro de volta e tal.

Bala: Vamo pro hospital, já é?

Viviane: Sabe que eu odeio hospital.

Bala: Mas tu não tem escolha, e eu vou contigo, mesmo não podendo ficar de bobeira.

Viviane: É por isso que eu não gosto... — arrumou logo um bicão.

Bala: Problema teu, pô. — respondi seco, enquanto arrumava as paradas dela.

Lobão me ajudou a levá-la pro carro e de lá, já seguimos direto pro hospital. Com ela reclamando pra caralho e tentando me convencer de que eu não tinha que ir pra lá.

Enquanto a Hellen preencheu a ficha dela, nós ficamos na sala de espera do plano de saúde, não demorou nada e o médico a chamou.

Eu não pude entrar, então, fiquei na área dos fumantes, fumando um cigarro atrás do outro e tomando café que eu nem gosto.

Bala: Já tem 1 hora que ela tá lá dentro, né?

Hellen: Garoto, não tem nem 20 minutos. — negou com a cabeça.

Bala: Tá de caô, Hellen?!

Hellen: Olha a hora.

Bala: Tu acha que é o quê? Acha que ela vai ter que ficar internada?

Hellen: Esse tombo deve ter sido feio, né? Se foi, já vou preparando o Cleiton, porque vou ficar aqui com ela.

Uma das coisas que me desanima na vida que eu levo. Eu não posso acompanhar todas as paradas das pessoas que eu amo, tá ligado?

Meu avô ficou internado mó cota e eu não pude visitá-lo uma só vez, quando minha avó ficou, também foi a mesma coisa. E isso me deixa numa raiva sem fim, mas é como me disseram uma vez: "pra cada escolha, uma renúncia".

E, infelizmente, eu renunciei a normalidade da minha família, renunciei a tranquilidade de viver em paz, ir e vir, sem achar que tem algum filho da puta de olho, só na espreita. Esperando qualquer vacilo pra me foder.

Mas é isso, ou eu saio fora, ou vivo escaldado pra sempre.

Eu fico angustiado sem notícias, agora sim, já tem uma hora que ela tá lá pra dentro e eu já não aguento mais.

Acendi mais um cigarro, até que o vi a enfermeira que a levou lá pra dentro e ela veio na nossa direção. Apaguei o cigarro.

Enfermeira: Só pode entrar um pra acompanhar?

Bala: Acompanhar o quê?

Enfermeira: Pra assistir.

Bala: É o que essa porra? Show? — já bati neurose logo.

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