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UMA SEMANA DEPOIS

BALA

Bala: Tem certeza que você não quer fazer nada?

Viviane: Absoluta. Não quero gastar dinheiro, não quero festa, tô estressada e é isso.

Bala: Você tá muito chata, tô nem entendendo.

Viviane: Tá ruim? — concordei com a cabeça. — Então, arruma outra.

Bala: Duvido! Onde eu vou achar uma obra de arte dessas? — abracei-a por trás, enquanto estava na pia, lavando o alface. — Tão cheirosa, tão marrentinha, tão gostosa, dedicada, faz a melhor comida do mundo. Come os outros na porrada. Não tem como.

Viviane: Você é sujo. — demos risada e dei mais umas mordidas em seu ombro. — Deixa eu terminar minha salada, garoto.

Bala: Já é, já é. Vou buscar o refrigerante. Tu quer o quê?

Viviane: Mineirinho e traz uma água com gás também.

Bala: Tá, fui. — mandei um beijo no ar e saí saindo.

Fui andando mesmo, bagulho era pertinho. Aproveitei pra exercitar as pernas, só ando de moto pra cima e pra baixo.

Cumprimentei os moleque e desci. Comprei as paradas que a doida pediu e ainda comprei um sorvete pra sobremesa. Tá com uma mania de gelado agora, nunca foi disso.

Ela não quer fazer nada pro aniversário, mas já combinei tudo com geral. Não vai ter nada no dia não, mas no sábado, ela vai ter uma surpresinha. Merece pra caralho, faz tudo pra todo mundo, como é que não ganha reconhecimento no dia dela?

Hellen me ajudou a ver bagulho de decoração,  comida, bagulho vai ser de verdade. Aluguei um sítio em Vargem Grande e os caralho, combinei com os cara da van aqui. Ih, esquece! Minha mulher merece o mundo, filho.

Tava subindo de volta pra casa, quando um dos moleques me parou.

Júlio: Patrão, o pai da tua mulher tava jogadão lá na rua.

Bala: Como assim?

Julio: Sei direito não, parece que ele tava meio bêbado. Tá ligado? Quem levou ele em casa foi o Tiélio.

Bala: Mas deixou em casa?

Júlio: Deixou, falou que a vizinha ajudou ele lá. Botou pra dentro e tal. Só tô avisando pra tu, porque tô ligado que ela sempre ficava atrás dele aí, pra tirar ele dos bares.

Bala: Foda, meu pacero. Mas valeu aí. — fiz um toque de mão com ele e segui meu rumo.

Falar sobre isso com a Viviá, ia deixá-la nervosa pra caralho. Sendo que ela já tá num estresse só, tá ligado? Vou deixar pra falar depois da janta.

Cheguei de volta em casa e ela matou a garrafa de água com gás na maior facilidade. Outro negócio que ela nunca curtiu e agora achou de beber umas 3 por dia.

Jantamos na maior tranquilidade, estávamos falando sobre viajar um tempo desses, pra região dos lagos.

Bala: Te falar um parada, preta.

Viviane: Fala, amor. — eu fazia massagem nos pés dela.

Bala: Os moleque levaram teu pai em casa hoje.

Viviane: Que? E você só me fala agora? — levantou.

Bala: Preferi, depois da janta. — negou com a cabeça.

Viviane: Vamo la, amor. Vamo agora.

Bala: Vai adiantar ir lá agora? Ele tá dormindo, po. A vizinha botou ele pra dentro e tal. Vai amanhã. Vai com teu avô, conversar com ele.

Viviane: Será que isso nunca vai acabar? — começou a chorar do nada e deitou no meu colo.

É raro ela fazer isso, mas de uns tempos pra cá, tá sensível demais. Ou chora, ou tá muito estressada.

Bala: Qual foi, amor. Não tive pai não, mas imagino que seja foda pra tu, porém, você tem que saber que o negócio não depende de tu, tá ligado? Ele tem que querer também. Tu pensa pra caralho em todo mundo, quer ajudar geral, mas como, depende mais deles.

Viviane: É, amor. Eu sei, mas é meu pai. Ele fez tudo por mim, sempre foi foda pra mim.

Bala: Eu tô ligado, preta. Mas é um bagulho que não depende de tu. Não dá pra ajudar quem não quer ajuda, se liga nisso. — dei um beijo na testa dela.

Tá maluco, fico muito puto quando a vejo assim. Sem neurose. Não tenho problema com meu sogro não, mas se ele sabe que tem esse problema, por que ele não procura uma ajuda? Procura se ajudar? Velhão já, pô.

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