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VIVIANE

Que dia, meu Deus, que dia!!!

Entrei pro banho e comecei a chorar, foi instantâneo, sabe? Até porque, eu guardei essas lágrimas durante todo o tempo, eu segurei, fui forte engoli tudo, mesmo que parecessem facas dentro de mim.

Nunca na minha vida, eu pensei que pudesse passar por algo semelhante ao que passei. Nunca tinha visto uma cena dessas tão de perto, nem pensava que um dia, isso pudesse ser parte da minha realidade.

Saí do banho, me sequei e botei uma roupa fresquinha, já não basta o calor que faz lá fora, eu também tenho que estar suando, como se tivesse dentro de um forno.

Voltei pro quarto e o Dani continua na mesma posição, deitado de barriga pra cima, olhando o tempo, com a cara fechada. De longe, eu consigo ver que ele está dominado por sentimentos ruim e juro que o que eu puder fazer pra isso mudar, eu farei.

Peguei meu celular e mandei mensagem pra duas psicólogas que me foram indicadas pelas meninas da escola e fiquei aguardando o contato, enquanto me deitava ao lado dele.

Viviane: Como você tá? Já comeu? Quer alguma coisa? — me enfiei entre os braços dele, que logo me abraçou, botando minha cabeça em seu peito.

Bala: Quero não. — começou a me fazer cafuné. — Tô sem fome. E tu, não vai comer não?

Viviane: Também estou sem fome.

Ficamos em silêncio por algum tempo. Eu tentava fechar os olhos e descansar, pensar em outras coisas, até uma praia paradisíaca, eu tentei imaginar, mas nada tirava a cena da minha cabeça.

Os gritos que ele deu, ainda ecoavam na minha cabeça. A forma como ela estava, o jeito que me puxou, o modo como ela gritava, as pessoas olhando, o Daniel cego de raiva, com os olhos vermelhos, as veias aparentes na testa, enfim...

Viviane: Amor, preciso falar.

Bala: Que?

Viviane: Você não acha que ela deve ser internada? Sei lá, mandar pra uma clínica de reabilitação.

Bala: Ih, sem ideia. Única coisa que eu quero e que eu acho, é que ela tem que morrer. Só isso.

Viviane: As coisas não são assim...

Bala: São sim e acabou. Não adianta dar chance pra essa desgraça, não adianta. — sua respiração estava mais forte, seu coração acelerado. — E na moral mesmo? Chega desse assunto, na humilde.

Não disse mais nada. Respeito o momento dele, respeito o que ele quer, mas acho que ele deveria pensar, mesmo sabendo que eu não tenho que achar nada, que eu não posso me meter nos traumas dele. Eu só queria ajudar!

Passei o resto do dia lá na casa dele, a tardinha, subimos com as crianças pra lá, pra ver filme na televisão imensa que ele tinha comprado. Pedi lanche e tudo pra eles distraírem.

No dia seguinte, saímos cedo outra vez pra ir pra escola, os meninos não pareciam tão a vontade, sabe? Toda hora, eles olhavam pro portão, ficaram a maioria do tempo perto de mim, me rodeando.

Graças a Deus, tudo correu bem, tirando o monte de perguntas que eu recebia dos outros funcionários da escola e o olhar de alguns pais, na hora da saída.

Botei as crianças no carro e já estava saindo do estacionamento, pra subir a rua de casa, quando vi a Isabella com os meninos, andando pelo canto. Parei o carro e ofereci carona pra eles, né? Nada demais.

Isabella: Obrigada, Viviane. Obrigada mesmo!

Viviane: Não tem de quê.

Bryan: Tchau, Tiago.

Tiago: Tchau, Bryan! Amanhã a gente termina de brincar, tá?

Bryan: Tá, tá bom. Qualquer dia, vou pedir sua mãe pra te levar lá em casa pra tu ver os carrinho que meu irmão comprou pra nós. — deu risada, fizeram um toque de mão e o Tiago saiu.

Isabella: Viviane... — estava em pé na porta. — Você pode me passar seu número de novo? É que daquela vez, o Jorge quebrou o meu celular e eu perdi tudo.

Viviane: Nossa! — falei no automático e revirei os olhos. Esse cara me enoja, sério. Não sei como as pessoas conseguem sustentar alguma coisa com esse tipo de gente.

Passei o número pra ela, nos despedimos e eu guiei pra dona Marli. Deixei as crianças com ela, guardei o carro na garagem com o cu na mão e liguei pro mototáxi.

Fui em casa, tomei banho, almocei com meus avós e como tinha que resolver umas coisas na pista, nem esquentei lugar.

META
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(vamo bater a meta de comentário também, gente. vamo dar um retorno pra titia.)

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