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MARATONA 4/4 📃

Jandira: Ela tá lá na cozinha, minha filha. Vai lá... — alguém tinha me chamado e minha avó mandou entrar.

Hellen: Porra, sua piranha. Por que você não atende esse celular?

Viviane: Boa tarde pra você também, ué. — neguei com a cabeça. — Não tô afim de falar com ninguém, quero ficar na minha.

Hellen: E eu sou ninguém agora? É isso mesmo?

Viviane: Você me entendeu, Hellen Caroline, não se faz.

Hellen: Ui, chamou pelo nome completo. — deu risada e eu revirei os olhos.

Viviane: O que te trouxe até aqui? Já sei que é fofoca.

Hellen: Tô com cara de fofoqueira, cara?! Me respeita.

Viviane: Tá com cara não, eu só te conheço. Fala logo... E já adianto, não vou sair.

Hellen: Ih, nem falei nada. Mas era pra isso mesmo, eu não vim perguntar se você vai sair, eu vim te buscar...

Viviane: Sabe que veio a toa, né? Eu não vou sair de casa não.

Hellen: Ah Viviane, para de bobeira, cara. Sábado desse, churrasco na brasa, cerveja gelada, nada pra fazer... Vambora, pô. Aniversário da minha sogra.

Viviane: O encosto vai estar lá, né? Eu não quero encontrar com ele.

Hellen: Vou te mentir não, vai sim. Mas você não precisa nem falar com ele, pô. O viado também vai, é só pra você se distrair, tá muito em casa, pô.

Viviane: Belíssima ideia, vou me distrair com o problema estando no mesmo lugar que eu? Você... Parece que não sei.

Já estávamos na sala, meu avô na varanda e minha avó vendo televisão.

Jandira: Isso, minha filha. Tira essa menina de casa, ela não faz mais nada além de estudar e trabalhar. Dá um jeito nisso aí.

Todo mundo começou a apertar a minha mente, e eu acabei cedendo. Eu sou uma fraca mesmo, não tem jeito.

Fui com aquele frio na barriga, sabendo que ia dar merda, mas fui... Elas tem razão, não tem problema tomar uma cervejinha, né?

Cheguei, cumprimentei a sogra da Hellen, falei com o Lobo e mais alguns meninos que estavam lá. Sentamos em uma mesa com os parentes deles e começamos os trabalhos.

Vi a hora que o encosto chegou, levando cerveja e umas garrafas de whisky, que era a bebida preferida dele. Nos entreolhamos na hora que ele veio cumprimentar o pessoal na mesa, mas não passou disso. Ele não falou nem comigo e nem com o Vitor.

Viviane: A mocinha deve estar menstruada... — debochei.

Hellen: Ele tá puto. Falou que você fica acreditando em fofoquinha, que se o Vitor atravessar o caminho dele, vai amassar, aquelas coisas...

Viviane: Tô pagando pra ver, se ele encostar no Vitor, eu mato ele.

Vitor: Ai mona, não tô pagando pra ver não. Ele é mau demais, todo mundo sabe...

Viviane: Pra mim, ele é um bobo. — dei de ombros.

Já estávamos em pé, e eu tava trocando ideia com um primo do Lobo, que trabalhava pra mesma rede de lojas que eu. Sempre que eu ia buscar cerveja, Daniel estava me encarando e sua cara não era a das melhores.

Viviane: Tô quase perguntando qual é o problema dele.

Hellen: Para! Você não veio aqui pra brigar, veio aqui pra distrair...

Viviane: Tá, tá bom.

Consegui curtir o churrasco até o final. Todo mundo cismou de subir pro baile, mas eu estava falando desde cedo que não ia e não fui...

Já estava no portão de casa, praticamente, tinha vindo de carona com o Felipe e a mãe dele, quando uma moto encostou primeiro que eu. Já sabia quem era, então, nem me assustei...

Viviane: O que você quer, cara?

Bala: Dá pra falar contigo numa boa, sem estresse?

Viviane: Você consegue? Consegue conversar sem ter que me segurar e usar sua força? Se conseguir, tudo bem. — ele ficou um tempo quieto, olhando pra minha cara. — Anda...

Bala: De coração, papo de homem mesmo... Quero entender qual foi, quero entender o que tá acontecendo.

Viviane: Comigo, nada.

Bala: E tu deu rl porque não gosta de mim?

Viviane: Dei rl porque eu não quero ficar sendo chacota em favela, porque não quero mulher debochando de mim na rua, só por isso.

Bala: Mas qual foi, cara. Que papo é esse? Quem debochou de tu?

Viviane: Graças a Deus, ninguém. Porque se não, eu já teria ido pro desenrolo...

Bala: Então, eu não tô entendendo qual é...

Viviane: Seu conceito de relacionamento é muito diferente do meu. Muito! Eu não acho certo, você passar um dia inteiro sem falar comigo e ir beber cheio de mulher, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Bala: Mas tu também não tava bebendo?

Viviane: Tava, mas são coisas totalmente diferentes. Só estávamos a Hellen e eu, porque eu precisava distrair, estava uma pilha de nervos, meu dia estava uma merda e você cagou...

Bala: Eu tô sem celular, pô.

Viviane: E ai, você não sabe onde eu moro? Por menos, você vem aqui...

Bala: Então, tu vai continuar com essa ideia?!

Viviane: É isso, já tinha te falado antes. Eu não quero mais! — virei as costas e entrei.

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